sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Um lobisomem no caminho

Um causo de família, muito estranho, mas que mamãe diz ser verdade.
Meu tetravô Oliveira, na verdade nem ela lembra se o nome era esse mesmo, era um homem que não tinha medos, um homem de coragem. Essa história é quase assim mesmo, mas com o passar dos anos, vai se esquecendo um pedacinho aqui, mudando outro ali. Pois bem... Ele sempre ia pra cidade aos sábados. Fazia algumas compras, bebia com os amigos e só voltava quando a noite já estava alta.
Naquela noite no entanto, ele colocaria a prova toda essa coragem.
Ele resolvera ficar até mais tarde com os amigos naquele sábado, um pouco mais do que sempre ficava. Como morava na Serrinha, uma região de sítios longe da cidade de Guaxupé, em Minas Gerais, sempre ia e voltava pra casa a cavalo.
A noite, até que estava bem clara, havia no céu uma lua cheia, muito redonda, como se estivesse pendurada lá no alto.
Não faltava muito pra chegar em casa, apenas uma pequena distância, um tirinho de espingarda, como diziam os mineiros. Faltavam mais duas curvas naquela pequena trilha e chegaria a sua porteira.
Estava num tocar lento no cavalo, quando viu algo cruzar de um lado a outro muito a frente, próximo a penúltima curva. Parou o cavalo e ficou a observar. Parecia um animal. Ele corria de um lado a outro, entrando e saindo do mato. Ele sacou sua garrucha e foi se aproximando lentamente.
Como o luar facilitava a observação, também o animal o viu e parou de correr de repente. Voltou-se para a direção do cavaleiro e partiu em disparada.
O cavaleiro com a garrucha na mão não teve duvida, apesar do susto com a reação e o barulho do animal, fez um disparo. Aparentemente acertou em cheio, pois escutou um grunhido e viu o animal desviar do caminho e entrar na mata. Carregou rapidamente a garrucha e tocou o cavalo andando ainda lentamente.
Chegando ao local onde estava o animal, viu uma grande mancha no chão, imaginou ser o sangue do animal. Com a claridade do luar, procurou em torno, sem descer do cavalo, mas não o encontrou.
Acho tudo muito estranho e resolveu seguir caminho.
Depois de andar alguns metros escutou um gemido logo atrás e voltou-se pra ver o que era. Saindo do meio do mato, ele viu um homem, que segurava o braço direito junto ao peito. Percebeu que ele estava ferido.
O homem andando lentamente em sua direção, disse:
- É você Oliveira?
- Sou eu mesmo, quem é você?
- Acabo de mudar pro sítio ao lado, fui atacado por um bicho e você me salvou.
Vendo que o homem se aproximava mais e mais, ele perguntou:
- Não conheço ninguém que mudou pra cá recente, o que você quer? Que bicho te atacou?
- Espere-me aí vou te agradecer por ter me ajudado.
O Cavaleiro não pensou duas vezes, virou-se para a estrada, esporou o cavalo e disparou rumo sua casa.
Ainda teve tempo de ouvir o homem falar:
- Ainda nos encontramos Oliveira!
Chegou nem casa, branco e ofegante. Contou a todos de casa e aos amigos no dia seguinte. Então resolveram ir ao tal sitio, onde imaginaram estar morando o novo vizinho. Na casa não acharam nada, a não ser o forte cheiro de cachorro por todo lado, como também alguns ossos de animais.
Depois desse dia, nunca mais o tal vizinho foi encontrado e nem o bisa de mamãe voltou tão tarde da noite sozinho da cidade. 
Dizem que aquela pessoa era um lobisomem, que matara alguns bois na redondeza e que fugira dali com medo dos moradores que foram lhe procurar.
E foi assim que botaram o bicho pra correr.

Se tudo isso foi verdade eu não sei, mas vai que...

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