sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Questão de lógica


Algumas vezes realmente dá certo, mas nem sempre.

É muito chato quando estamos andando por aí, chega alguém te chamando pelo nome e você nem imagina quem seja. Gosto de chamar a todos pelo nome. Acredito que isso, além de manter sempre a pessoa na memória, valoriza uma amizade. Todos nós gostamos de ser lembrados pelo nome.
Então... Lá estava eu andando pelas ruas de Caçapava, num sábado, fazendo algumas compras, quando outro lado da rua uma pessoa gritou:

- E aí Freitas... Quanto tempo.

Errrr... Quem seria?

Sorri e acenei, fazendo sinal de positivo. Achei que ele também acenaria e seguiria em frente,  mas ele atravessou a rua em minha direção. Ferrou.
Chegou até a mim com um sorriso e estendeu sua mão. Apertou-a firmemente e perguntou:

- Como você está Freitas, tudo bem? E a família?

Opa! Dicas pra buscar na lembrança quem seria o colega. 

Como eu poderia responder? “Oi estranho, eu estou bem e você?”. Mas numa velocidade incrível, aproveitei suas palavras pra iniciar um filtro e descobrir quem seria aquela pessoa.
Pensei, se me chamou de “Freitas”, deve ter trabalhado comigo no banco ou no atual emprego. Apenas nesses dois lugares me chamavam assim.
Cumprimentei o colega, dizendo estar bem e retornando a mesma pergunta.

- Bem também. E como está o pessoal lá. Sinto saudades dos colegas.

Mais uma dica. Se ele perguntou do “pessoal”, é porque sabe que ainda estou no mesmo trabalho, ou seja, o atual. Fiquei mais perto de saber.

- Rapaz adorava aquela fazenda. Era muito bom trabalhar lá.
- Pois é... Lá nosso trabalho é mais agradável e tranquilo. Muito melhor que trabalhar num lugar fechado como a fábrica.
- Verdade. E como estão todos, fulano, cicrano...?

Fui respondendo sabendo que logo ele daria a próxima dica. Afinal na empresa tem tanta gente trabalhando, tantas pessoas que entram e saíram, sem contar com colegas terceirizados.
Então tive uma ideia.

- Pra quem você respondia?  Quem era o seu chefe?
Essa foi boa seria a resposta chave para desvendar o mistério.
- Ah! Tive vários, sabe como é quando se é terceiro né.

Bingo!

No meu local de trabalho, de empresa terceirizada só tínhamos as colegas da limpeza e os colegas da segurança. Se ele era terceiro, era homem e tinha até certo porte, só podia ter sido da segurança. Mandei ver o nome e fisionomia dos colegas que passaram por lá.

- Mas é complicado mesmo. Vocês da segurança além de correr certo risco, nunca tem um chefe que entende seu trabalho.
- Segurança? Não, eu era da limpeza meu amigo.

Vixe! Que furo.
Mas na limpeza que eu lembre, só tinha um homem, o da jardinagem. Pela lógica mandei ver.

- Mas na empresa da limpeza não só tinha um homem?
- Que isso Freitas! Também sou homem...
- Claro que sim... Estou brincando, José.

Arrisquei. Só me lembrava deste nome de um homem que trabalhou na jardinagem há muito tempo atrás. Só restou ele. Fui pela lógica novamente.

- José? E cara, você não tá sabendo que sou, não é?

Olhe só a vergonha...

-Sou o Amaro, Freitas.
-Ah! Eu sabia... Eu só não estava lembrando seu nome.
- Mas tá certo, eu vou nessa. Outro dia a gente se vê. De um abraço no povo lá.

Claro Amaro. Foi um prazer em te reencontrar. Abraço.
Ao ver o colega dobrar a esquina, então eu parei e me perguntei:

- Mas afinal, quem era esse Amaro?

Ah! Meus cinquenta anos...

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