Perdi meu pai aos quatro anos, apesar de ser tão pequeno acredito que puxei muitas coisas
dele. Não que eu queira justificar algo, mas acho que ele era assim como eu...
Digamos,... Um tanto atrapalhado.
Minha mãe me
contou que, quando do nascimento do mano véio, ele estava decidido quanto ao
nome do menino. Seria Josemar.
Não me lembro dela
comentar, ter ocorrido qualquer discussão para a definição do nome. Parece que
papai queria esse e pronto. Nem ela sabia o porquê. No nascimento de meu
primeiro filho, nem tive chance de opinar. A mãe definiu o nome e pronto. Como
eu gostei, ficou assim. Já no nascimento do segundo filho ou filhos, já que veio
gêmeo, um casal, também não escolhi. Na verdade aconteceu um plebiscito de três
votos: Mãe, Pai e Filho. Democracia parcial. Perdi.
Bem, mas voltando
ao meu pai...
Ele saiu de casa
decidido. Depois de garantir o retorno tranquilo de mamãe para o lar, foi ao cartório de
Registros concretizar sua vontade. Daria a seu primeiro filhote, o nome de
Josemar. Diz mamãe que ele já tratava o menino assim, pelo nome, desde que
recebeu a notícia da gravidez.
Chegando ao
pequeno cartório, havia três pessoas a sua frente, para ser atendidas. Em
estado de felicidade plena, nem se importou e ficou ali trocando
sorrisos com os outros pais, também na expectativa de pronunciarem
pela primeira vez, oficialmente, o nome de seus filhos.
Chamaram o
primeiro. O pai se aproximou do balcão de atendimento e quando perguntado do
nome que daria ao filho, disse com convicção: - Carlos.
Os demais pais
sorriram e até comentaram ser um bonito nome para um menino.
Agora era a vez do
segundo pai. Chamado informou que sua criança era uma menina e então mandou
registrar, falando bem claramente o nome: - Emília.
Os pais restantes,
dentre ele o meu, trocaram olhares e balançaram a cabeça afirmativamente.
Também era um lindo nome.
Restava apenas
mais um pai a ser chamado e assim oficialmente meu pai diria o nome de seu
filho com orgulho. Josemar estaria registrado.
O atendente chamou
o terceiro pai. Como os outros, ele levantou-se, com o peito estufado, puxou as
calças para cima, aproximou-se e disse:
- Meu filho vai se
chamar... Josemar.
Ferrou...
Então chamaram papai.
Como ele era um homem
muito simples, deve ter entrado em pânico e num branco total, com todo mundo
olhando para ele, esperando o nome do menino. Ele deve ter ficado muito sem graça
de repetir o nome do filho do antecessor.
- Qual o nome do
seu filho, senhor?
- Meu filho?...
Hã... O nome dele?
- Sim, meu senhor.
- É... Lauro.
E foi assim que
ficou registrado mano véio.
Tento hoje
imaginar outra cena. Papai chegando pensativo, entrando em casa, dando de cara com toda a
família e minha mãe, todos rodeando o pequeno Josemar, que naquela altura, era Lauro. Como explicar a situação.
Complicado, mas
não parou por ai.
A história quase
se repetiu com o segundo filho, eu.
Meu nome também estava
definido muito antes do nascimento. Seria Eudemir. Mas graças a uma homenagem ao "Divino", jogador
de futebol da famosa academia palmeirense, na hora do registro ele optou por
Ademir.
Nem minha mãe sabe
o que aconteceu, mas hoje, eu imagino a mesma cena, ele parado a porta, coçando
a cabeça, todos o olhando já desconfiados que algo não aconteceu como o planejado e, ele procurando explicar porque que trocara o nome do filho, novamente.
Somos
predestinados.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar. Seu comentário e opiniões são muito importante para melhorar o blog.Se não quiser deixar... Fazer o que...