terça-feira, 20 de agosto de 2013

O dedinho do Tavares

Imagem da internet

Quem trabalha com manutenção sabe bem: é preciso atenção redobrada, senão, um pequeno descuido pode virar um grande problema. E mesmo tomando todos os cuidados, acidentes acontecem.

Meu colega Tavares — nome fictício, claro — é um sujeito cauteloso. Mas, segundo os mui amigos, teria se machucado lavando louça. Eca! Maldade pura. Isso é pior que rogar praga! Mas acontece.

A verdade é que, numa atividade doméstica rotineira, Tavares acabou quebrando o dedo mínimo da mão direita. Um acidente bobo, mas suficiente para afastá-lo do trabalho por alguns dias.

Ao retornar, ainda em recuperação, fazia fisioterapia e exercia atividades mais leves. O detalhe curioso é que andava com o dedo em riste, todo ereto, sem conseguir dobrá-lo.

Tudo que fazia com a mão, lá estava o dedinho em pé. Um charme — diziam os mesmos colegas debochados.

Mesmo com essa limitação, resolveu encarar mais um desafio doméstico: fazer um pequeno reboco em um cômodo novo da casa.

O ambiente não era muito iluminado, mas havia uma janela aberta, o que dava claridade suficiente. Apressado para não perder o horário do almoço, acelerou o serviço e terminou a primeira parede. Nem olhou pra trás. Foi direto se limpar e almoçar.

Na volta, satisfeito, foi ver o resultado do trabalho. Para sua surpresa, a parede estava toda riscada, de leve, mas estava. Muito bravo, resmungando, pegou a esponja, molhou a parede e refez tudo.

Na cabeça dele, alguém tinha passado por ali e estragado o serviço. Quando a esposa foi levar um suco, ele reclamou:

— Deixei tudo pronto, e quando voltei, estava cheio de riscos. Se não foi o menino, foi o cachorro.

Ela estranhou. O filho estava na escola e o cachorro preso. Mas preferiu não discutir e voltou às tarefas.

Mais tarde, na hora do café da tarde, ele parou de novo para comer um bolo delicioso que a esposa tinha feito.

Ao retornar... os riscos estavam lá novamente!

Agora não dava! Ele mal tinha saído! Muito irritado, voltou a reclamar:

— Não posso sair um minuto! Alguém fez isso de novo!

Molhou a parede e começou mais uma vez a acertá-la.

A esposa apareceu pouco depois, com uma lanterna nas mãos:

— Querido, venha ver isso...

Iluminou a parede. E lá estavam os riscos... recém-feitos. Ele olhou para as marcas, para suas ferramentas, sem entender. Foi quando ela, com toda a paciência, mostrou o dedinho — sujo de massa.

A ficha caiu.

Era o próprio Tavares quem riscava a parede com o dedinho em riste, sem perceber.

Ele caiu na gargalhada, abraçado com a esposa.

Quando contou essa façanha no trabalho, um colega não perdeu a chance:

— Estica também o indicador, assim todo mundo vai pensar que você é metaleiro. É nóis! Uhuuu!

Colegas de trabalho... nunca perdem uma piada.


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