Qual moleque não pensou algumas
vezes em fugir de casa? De largar tudo, pegar uma trouxa de roupa e deixar tudo
para trás? Não fugi disso e chegara minha vez.
Não aguentava mais, eram ordens da
mãe, do pai e ainda por cima do irmão mais velho. Nessa idade todo mundo manda
em você e quando você vira para dar sequência a todas aquelas ordens, percebe
que é o último da fila, que não há mais ninguém a quem repassar... Que saco
viu.
Então naquela tarde de
quinta-feira, estava tudo decidido, e iria embora dali. Principalmente depois
que meu irmão mais velho disse que eu não poderia mais pegar seus discos para
ouvir. Caramba! Eu não trabalhava e não tinha dinheiro para comprar os discos
que gostava. Como ouviria música então? Ele não tinha lá um grande gosto
musical, mas às vezes acertava e comprava algo legal. Essa foi a gota d'água.
Não aguentava mais ordens e regras.
Não pode isso sem falar comigo! Faça aquilo outra vez! Não deve pegar essa
coisa! Terminou o que tinha de fazer? Aonde pensa que vai? Vai tomar banho! Já
lavou as mãos?
Vejam só quanta coisa eu me
defrontava naqueles dias. Eu estava ficando doido, não queria aquilo pra mim.
Chega de regras e ordens. Vou cuidar da minha vida. Só esperaria meu pai chegar
do trabalho e diria a todos que eu estava indo embora.
Peguei uma mochila velha e estava
colocando minhas meias nela, quando o meu irmão chegou e a tomou de mim.
- Tire as mãos da minha mochila.
Fui então até o armário, peguei uma
sacola e voltei para meu quarto. Mal havia ajeitado meus gibis dentro da sacola
e apareceu minha mãe. Menino, o que faz com a minha sacola de fazer feira? Tira
essas revistinhas dai e me de essa sacola.
Mas eu era um garoto decidido e
batendo o pé sai até o fundo do quintal, nada me impediria de sair daquela
casa. Peguei uma das caixas de papelão que estava jogada em cima de um armário
velho. Ele serviria para colocar as minhas coisas, que eram muito poucas por
sinal. Mas mal me virei e lá estava meu pai com as mãos na cintura, olhando
para mim.
- Vai largando minha caixa de
ferramentas. Você sabe que é ai que as guardo depois de usá-las.
Era o fim do mundo!
Soltei aquela “maledita” caixa de
papelão no chão e já ia saindo quando meu pai pegou-me pelo braço.
- Essa caixa não estava ali no
chão. Estava?
Raios! Como pode alguém fugir assim
com tantas regras e ordens?
Voltei pra sala e liguei a TV,
teria que deixar pra outro dia.
- Quem mandou ligar a TV, seu
cabeçudo? Eu quero ver o Rin Tin Tin e já vai começar.
Meu Deus!
Regras, ordens, ordens, regras...
Como é duro ser o filho mais novo.
Alguém me ajude, por favor!
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