terça-feira, 9 de setembro de 2014

Pesquei uma...!

Saímos muito cedo, pois não podíamos perder tempo.
Levávamos quase duas horas de carro para chegar á Bertioga. Ao chegarmos íamos aos boxes dos pescadores, comprar camarão e lula, atravessávamos de balsa o canal, mais uns vinte minutos e ainda caminhávamos outros vinte minutos pelo meio do mato, até o forte. Tudo isso para pescarmos.
O local já muito conhecido de todos os meus amigos, era antes do farol e depois do velho forte. Um lugar muito aconchegante e tranquilo, ótimo para pesca em rochedos de frente para o mar.
A paisagem era incrível. Dizem que ali era um ponto estratégico para defender a praia dos navios inimigos que tentavam invadir o país pelo mar. Isso no tempo do império. É o que nos contam os livros.
Chegamos aos rochedos e nos organizamos para iniciar a pescaria. Estávamos em cinco pessoas. Um bando de malucos que desceram a serra num fusca 76 verde. O dia prometia.
Mal havíamos começado a pescar e aparece ali um velhinho e um homem negro, este forte demais, com quase dois metros de altura. Lembram-se daquele homem de “A espera de um milagre”, então... Este segundo, trazia uma enorme caixa de isopor nos ombros.
- Bom dia pessoal. - Em coro respondemos cortesmente, porém ainda assustados aos dois.
- Só paramos aqui para pegar umas coisinhas. Sempre pescamos aqui e deixamos algumas coisas guardadas, posso pegar?
Diante de nossa concordância, começaram a remover algumas pedras enormes e tiraram debaixo delas, panela, frigideira, um pacote protegido com uma sacola plástica, dessas de supermercados e alguns espetos. Tudo bem enrustido e escondido. Diante de nossa cara de espanto, o velhinho falou:
- Deixamos tudo aqui quando vamos embora, se voltarem outro dia e precisarem, podem pegar. É só deixar onde estão depois. - Na verdade, quem removia as pesadas pedras, era o homem moreno, que sem falar uma palavra deixou a pesada caixa de isopor no chão e começou a recolher tudo. Acham que alguém ia falar algo... Pois bem, nem nós. 
- Esse meu amigo calado aqui, é o Pedro. - Este só nos olhou e balançou a cabeça.
- Estão admirados de vê-lo carregar essa caixa enorme né? Bom um gole de cachaça, esse homem atravessa esse canal a nado e te trás o que quiser. Boa pescaria pra vocês. - Então se afastaram sorrindo, deixando-nos boquiabertos e calados.
Voltando a nossa pescaria, mas sem tirar os olhos do caminho para onde nossos visitantes seguiram, começamos a pegar alguns peixes.
Tudo estava indo muito bem, até que percebi todo mundo encostando as varas e subindo rochedo acima rapidamente. Como não entendi segui-os.
Era Mano Véio, fazendo uma fritada de camarão, por acaso, também conhecidos como: nossas iscas. Vai vendo... Nem deu pra brigar com ele, pois o cheiro despertou a fome e lá fomos todos nós fazer um lanche rápido.
O sol já estava mais leve e depois de uma bela refeição de fritadas de lula e camarões, acompanhados de muita cerveja, bateu um sono danado. Apesar de conhecer os colegas e saber que cochilar ali era pedir que aprontassem, relutei com o sono, mas não resisti. Dormi com o molinete na mão, então...
Acordei assustado com uma forte fisgada. Gritei peguei um grande e todos pararam e se direcionaram para meu encontro. Rápido demais eu percebi, mas acreditei por ser a única oportunidade de peixe grande até então.
Comecei a enrolar lutando contra a força em contrário. Achei estranho o peixe não relutar, porém nem quis saber fui enrolando a linha rapidamente e então surgiu preso ao anzol...
- Uma lata de cerveja?
A gargalhada foi geral. Percebendo que eu dormia, Mano véio pegou minha linha, encheu uma latinha de cerveja com água do mar e jogou-a no mar. Por isso um tranco tão grande. Não era uma fisgada.
Vou dizer, com uns amigos assim, eu estava é estrepado mesmo.
Pescadores de meia tigela, mas foi muito bom.
Valeu mesmo.
Ah! Dei o troco, é claro, mas isso é outra história.

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