Saímos
muito cedo, pois não podíamos perder tempo.
Levávamos
quase duas horas de carro para chegar á Bertioga. Ao chegarmos íamos aos boxes
dos pescadores, comprar camarão e lula, atravessávamos de balsa o canal, mais
uns vinte minutos e ainda caminhávamos outros vinte minutos pelo meio do mato,
até o forte. Tudo isso para pescarmos.
O local
já muito conhecido de todos os meus amigos, era antes do farol e depois do
velho forte. Um lugar muito aconchegante e tranquilo, ótimo para pesca em
rochedos de frente para o mar.
A
paisagem era incrível. Dizem que ali era um ponto estratégico para defender a
praia dos navios inimigos que tentavam invadir o país pelo mar. Isso no tempo
do império. É o que nos contam os livros.
Chegamos
aos rochedos e nos organizamos para iniciar a pescaria. Estávamos em cinco pessoas.
Um bando de malucos que desceram a serra num fusca 76 verde. O dia prometia.
Mal
havíamos começado a pescar e aparece ali um velhinho e um homem negro, este
forte demais, com quase dois metros de altura. Lembram-se daquele homem de “A
espera de um milagre”, então... Este segundo, trazia uma enorme caixa de isopor
nos ombros.
- Bom dia
pessoal. - Em coro respondemos cortesmente, porém ainda assustados aos dois.
- Só
paramos aqui para pegar umas coisinhas. Sempre pescamos aqui e deixamos algumas
coisas guardadas, posso pegar?
Diante de
nossa concordância, começaram a remover algumas pedras enormes e tiraram debaixo
delas, panela, frigideira, um pacote protegido com uma sacola plástica, dessas
de supermercados e alguns espetos. Tudo bem enrustido e escondido. Diante de
nossa cara de espanto, o velhinho falou:
-
Deixamos tudo aqui quando vamos embora, se voltarem outro dia e precisarem,
podem pegar. É só deixar onde estão depois. - Na verdade, quem removia as pesadas
pedras, era o homem moreno, que sem falar uma palavra deixou a pesada caixa de
isopor no chão e começou a recolher tudo. Acham que alguém ia falar algo...
Pois bem, nem nós.
- Esse
meu amigo calado aqui, é o Pedro. - Este só nos olhou e balançou a cabeça.
- Estão
admirados de vê-lo carregar essa caixa enorme né? Bom um gole de cachaça, esse
homem atravessa esse canal a nado e te trás o que quiser. Boa pescaria pra
vocês. - Então se afastaram sorrindo, deixando-nos boquiabertos e calados.
Voltando
a nossa pescaria, mas sem tirar os olhos do caminho para onde nossos visitantes
seguiram, começamos a pegar alguns peixes.
Tudo
estava indo muito bem, até que percebi todo mundo encostando as varas e subindo
rochedo acima rapidamente. Como não entendi segui-os.
Era Mano
Véio, fazendo uma fritada de camarão, por acaso, também conhecidos como: nossas
iscas. Vai vendo... Nem deu pra brigar com ele, pois o cheiro despertou a fome
e lá fomos todos nós fazer um lanche rápido.
O sol já
estava mais leve e depois de uma bela refeição de fritadas de lula e camarões,
acompanhados de muita cerveja, bateu um sono danado. Apesar de conhecer os
colegas e saber que cochilar ali era pedir que aprontassem, relutei com o sono,
mas não resisti. Dormi com o molinete na mão, então...
Acordei
assustado com uma forte fisgada. Gritei peguei um grande e todos pararam e se
direcionaram para meu encontro. Rápido demais eu percebi, mas acreditei por ser
a única oportunidade de peixe grande até então.
Comecei a
enrolar lutando contra a força em contrário. Achei estranho o peixe não
relutar, porém nem quis saber fui enrolando a linha rapidamente e então surgiu
preso ao anzol...
- Uma
lata de cerveja?
A
gargalhada foi geral. Percebendo que eu dormia, Mano véio pegou minha linha,
encheu uma latinha de cerveja com água do mar e jogou-a no mar. Por isso um
tranco tão grande. Não era uma fisgada.
Vou
dizer, com uns amigos assim, eu estava é estrepado mesmo.
Pescadores
de meia tigela, mas foi muito bom.
Valeu mesmo.
Valeu mesmo.
Ah! Dei o
troco, é claro, mas isso é outra história.
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