terça-feira, 16 de setembro de 2014

Que show... Um espetáculo!

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Que show! Um espetáculo!

16/09/2014

 

No jornal da manhã, disseram que aquele sábado seria lindo — calmo, tranquilo, perfeito. E estava mesmo. O céu, de um azul claro e sereno, fazia promessas de paz.

Mas, de repente, tudo começou a mudar. O vento se levantou forte, soprando como se quisesse varrer o mundo. O céu foi trocando de roupa: do azul para um cinza claro, que logo escureceu até quase se tornar preto.

Saí para o quintal e ouvi os vizinhos comentando sobre a aproximação de uma tempestade. Espiei pelas frestas do portão e vi gente correndo pela rua, buscando abrigo às pressas.

Meu cãozinho, ainda pequeno, parecia assustado. Acompanhava cada um dos meus passos, mas andava colado em mim, como se tentasse se esconder atrás das minhas pernas.

Olhei para o céu carregado. Nenhum pássaro. Parecia que todos já tinham partido, fugindo para o lado oposto das nuvens. Tentei encontrar algum sinal de que tudo aquilo passaria rápido, mas a impressão era de que a tempestade estava prestes a desabar.

Os varais estavam vazios, o que me tranquilizou. Já era início da tarde, um sábado que prometia calmaria — e que, de fato, tinha sido tranquilo... até então.

Voltei para dentro de casa, com meu fiel companheiro sempre por perto. Enquanto ele se ajeitava na sua caixinha de papelão — tão pequeno, com apenas dois ou três meses —, peguei uma cadeira plástica, uma latinha de suco e fui para a área de serviço. Sentei-me ao lado dele, pronto para assistir à chegada da tempestade.

Primeiro veio a ventania, levantando poeira e papéis esquecidos nas calçadas. Rodopiavam em redemoinhos, subiam bem alto e depois caíam lentamente, como se dançassem no ar. Abri a lata de suco e fiquei ali, observando em silêncio — um silêncio que estranhamente trazia paz.

Então vieram os trovões, seguidos de relâmpagos. Os raios riscavam o céu como desenhos feitos à mão, cruzando as nuvens com um brilho ofuscante. Sorri, encantado. Parecia que alguém lá de cima usava um grande flash para fotografar nosso espanto, nossa corrida desajeitada diante do espetáculo.

Dei um gole no suco e acariciei as orelhinhas do meu pequeno amigo.

Logo depois, chegou o cheiro da chuva — aquele perfume bom de terra molhada misturado com mato. E com o cheiro, vieram as gotas: fortes, barulhentas, pareciam tentar perfurar o chão antes de se espalharem em poças.

O vento ainda brincava pelo quintal e algumas gotas me alcançaram os pés, que descansavam sobre a mureta da varanda. Não me afastei. Ao contrário, estiquei as pernas, acolhendo a refrescância da água que caía do céu.

Peguei o cãozinho no colo e, enquanto afagava suas orelhas macias, vi a chuva ir perdendo força, suavizando-se até se tornar uma garoa fina. As nuvens negras se desmancharam, lentamente, revelando um céu de cinza claro. O vento também foi embora, tão repentino quanto havia chegado. Ficou apenas aquele cheiro gostoso no ar — de limpeza, de recomeço.

E então, do meu cantinho privilegiado, vi surgir um raio tímido de sol. E, com ele, um pedaço do azul voltava a se abrir no céu. O mesmo azul de antes. O mesmo azul que cobria tudo antes da tempestade.

Tempestade? Que nada. Foi mais um espetáculo de Deus.

Levantei-me, coloquei meu companheirinho no chão e aplaudi.

Ele é incrível. Que show.



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