terça-feira, 27 de março de 2012

Último respiro.

Corredores gélidos,
Correria tremenda.
Não há quem entenda
O que acontece diante de tudo isso.
As palavras me chegam, atrapalhadas.
Não consigo identificar o que se diz.
Escuto um som agudo, um risco de giz.
Minhas pernas sendo apalpadas,
Estou em movimento, mas pra onde?
Sinto a minha volta pessoas nervosas,
Portas se abrindo, comentários dispersos.
Ademir de Freitas
Chegamos. Percebi mãos ruidosas
Pegando objetos pra mim ocultos.
Movimento os olhos, só vejo vultos.
De repente sinto o peito descoberto.
Sinto gente falando, gente por perto.
Agora as palavras me chegam claras: “AFASTEM”...
Sinto o corpo pular, pular novamente, e todos param...
Só agora pude então compreender
Já não existo pra você, já posso morrer.
O som agora é continuo, não há palpitação,
Não há vida em meu coração.