terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Passando a régua no futebol

2013 realmente foi um ano difícil para o nosso futebol, principalmente por ser o ano que antecede a Copa do Mundo em nosso país.
Iniciamos o ano com a morte do boliviano, no jogo do Corinthians pela Libertadores. Um título ganho em campo, merecido para o time campeão e ao país do futebol, mas que deixou uma imagem horrível. 

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Tentando entender

Qual a lógica do mundo,
senão, parar por um segundo
e escutar a vida.
Não buscar entender,
a razão por que o rio nasce, desce,
se jogando no mar para morrer.
Talvez, meditar sobre a elevação das estrelas...

domingo, 29 de dezembro de 2013

sábado, 28 de dezembro de 2013

Uma dupra de dois.

Tião e eu éramos uma "dupra" de dois, da melhor qualidade. Dava gosto de ver, sô.

Quando a gente se juntava com o povo, lá na chácara do Vitô — que ficava pertim da chácara de mamãe — era só alegria. Proseava, ria e tomava todas até altas horas. Mas, naquele dia, acho que abusamo de verdade.

Chegamo na chácara já era noitinha, com os grilo berrando pra valer. Tião, que era bom pra xuxu nessas coisa de carne na brasa, foi logo acendê a churrasqueira, pra mode a gente assá uns troço nela.

Eu, como de costume, abri uma cerveja e peguei logo o violão. Dei uma afinadinha aqui, um acerto ali... E pronto: começou a cantoria.

Quando a gente se ajuntava, não tinha jeito, logo saía um Raul. É ele mesmo, Raul Maluco, doido varrido, Seixas... O cara. Cantava Medo da Chuva, que era a preferida do Tião, Metamorfose Ambulante, Maluco Beleza e muitas mais. A gente ia cantando meio atrapalhado às vezes, mas era de coração. As mulher servia a carne saborosa que Tião preparava, e mal eu acabava uma latinha, outra já brotava na minha mão. Cada canção era um gole daquele que esvazia a lata. Ô trem bão!

Fomos indo noite adentro nessa lida. Às vezes até arriscava uma sertaneja, embora eu não gostasse muito não. Já tínhamo comido e bebido de montão, e as mulher, junto com a criançada, já tinham se recolhido, quando Tião, sentado na mureta, começou a balançar.

Se eu não piso no pé dele, o homi tinha caído de costa. Ele tava tombando, quando pisei no pé dele e ele veio pra frente de novo. Mas bastou eu me distrair pra beliscar mais uma carninha... pronto. Capotô. Caiu feito um saco de batata.

Larguei o violão, dei a volta na varanda pra socorrer o homi que só ria. Acho que nem percebeu que tinha caído. Ajudei ele a deitar na rede, ali mesmo, na varanda, e o homi apagou na hora.

Como eu tava sem sono, resolvi ir até a lagoa que ficava em frente à chácara. Tava um frio danado, então joguei um pano nas costa e fui lá. Sentei na beira da lagoa e fiquei jogando pedrinha na água, pensando na vida. A lua tava linda, mas como já era de madrugada, caiu uma nebrina fria. Aí resolvi voltar.

Entrei na chácara com o pano agora cobrindo também a cabeça, por causa do frio, quando vi Tião levantar da rede, me olhar assustado e gritar:

— Pera aí, Zé Inocêncio! Já vô te ajudá!

Acho que o danado tava tão beldo, como se diz por aqui, que pensou que eu era o tal do Zé Inocêncio da novela. Aquele do Fagundes, Renascer, lembra?

O homi saiu da varanda cambaleando feito um doido, correndo no quintal, vindo pra cima de mim e... TUMB! (Isso é o barulho do tombo, viu?) Caiu feio no chão, feito jaca madura. Levantou um poeirão em volta dele, parecia até desenho animado.

Corri pra socorrer Tião e gritei pro povo da casa. Todo mundo acordou assustado e foi lá fora ver o que tinha acontecido. Quando chegaram, eu tava agachado ao lado dele, tentando acordá o homi.

— Acorda, Tião! Cê tá bem?

Ele abriu os zóio e disse:

— Ô Zé Inocêncio... Ainda bem que te achei. Pensei que tivesse visto o fantasma do cê...

Foi falar isso e apagou de vez.

O pessoal me ajudou a levar ele de volta pra rede, e foram dormir de novo. Eu fiquei ali, vigiando, vai que ele acordasse outra vez e resolvesse ir procurar esse tal de Inocêncio na lagoa...

Zé Inocêncio... Vai vendo.

A gente era simples assim... e muito feliz.

Sardade dessas farra, Tião.

Ah! Ainda tem aquela vez que ocê dançou Maico Jaquisso... Mas essa eu conto outro dia... Hehehe!

Abraço procê.



sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Uma surpresa no dia de Natal

Eu já estava no ônibus, indo para casa, quando José subiu.

Era um dia especial. Acordei muito cedo para participar do almoço de Natal com meus filhotes. Um dia feliz, daqueles raros, com todos eles à minha volta.

Naquele momento, eu pegava o primeiro dos três ônibus que faziam parte da longa jornada de volta. Estava a caminho da rodoviária de São José dos Campos. A primeira etapa do percurso foi feita de carona, com meu filhote mais velho me levando de moto até o centro da cidade. De lá, peguei esse ônibus. Já sentado, levava entre as pernas a surrada mochila e, nas mãos, o também bem vivido capacete (sabia da carona, então me preveni. Andar sem capacete, jamais).

Já estava tranquilo, ajeitado, no banco ao lado do cobrador. No meu MP3, o Rammstein soltava a voz com Mein Teil. Logo no primeiro ponto depois de onde subi, o motorista parou. Foi quando ele entrou.

Era impossível não notar. Tatuagens até o pescoço, uma mochila enorme nas costas — suja e maltratada — e, preso a ela, como quem se agarra para não cair, um pequeno leão de pelúcia. Na hora, pensei no Léo, o leãozinho do meu filho quando era pequeno. Mas isso é outra história...

Ele já havia passado por mim, quando voltou, olhou, sorriu e disse:

— Janis Joplin!

Falava da estampa da minha camiseta. Toda preta, com a imagem da Janis sorrindo e ajeitando os óculos azuis com a mão. Pediu licença, largou a mochila no chão e sentou-se ao meu lado.

Parecia um andarilho. Usava um daqueles chapéus rasta com as cores da Jamaica, prendendo um cabelo estilo Bob Marley. A barba grande e maltratada lembrava o Raul. Uma figura, sem dúvida.

A mochila era gigantesca, cor caqui. Trouxe-a mais para perto dos pés, ajeitou o pequeno leão e estendeu a mão:

— Sou José de... Só José mesmo.

Apertei sua mão — firme, por sinal — e me apresentei.

— Cara, eu sentei aqui por causa da sua camiseta. Eu adoro a Janis. As pessoas esquecem muito rápido de tudo.

Tirei os fones, desliguei o MP3 e comentei:

— Verdade. Eu também curto muito ela.

José me parecia boa gente, apesar da aparência rústica e do cheiro forte de suor. Contou que estava indo para Ubatuba, onde vivia da venda de pequenos artesanatos. Passou o Natal com amigos em Jacareí e agora voltava, esperando boas vendas com a movimentação de fim de ano na praia.

Conversamos sobre música, sobre Janis, e descobrimos mais uma afinidade: ambos gostávamos do John Lennon, o melhor dos rapazes de Liverpool. Pobre Paul...

Depois de um tempo, José ficou em silêncio e baixou a cabeça. Pensei que estivesse cochilando. Mas então, começou a estalar os dedos, criando um ritmo, e começou a cantar:

Oh Lord, won’t you buy me a Mercedes-Benz? My friends all drive Porsches, I must make amends...

Um clássico da Janis. Todos no ônibus começaram a olhar em nossa direção. Ele chamava atenção pelo tom firme e suave. Sabia realmente a letra. Levantou devagar a cabeça, virou-se pra mim e disse:

— Pensa que eu não conheço a Janis? Vamos lá, cara, canta comigo.

Fiquei sem saber o que fazer. Todos olhavam pra nós, e ele insistia:

— Vamos, me acompanha!

Eu, ali, travado. E ele batendo palmas, repetindo o início da música. Nunca me aconteceu algo assim.

Foi quando o cobrador, que estava logo atrás de mim, deu um tapinha no meu ombro e incentivou:

— Canta!

Um rapaz de uns 25 anos, que também começou a estalar os dedos. E então começamos um dueto. Eu, no começo bem tímido. Depois, mais solto. E não é que o cara sabia mesmo a letra toda? Enquanto eu o acompanhava como podia.

No fim, aplausos e até alguns assovios. Pode isso? Acho que fiquei mais vermelho que um tomate — e olha que não sou tão tímido assim.

Foi tudo inusitado, natural e muito legal. Nunca me vi cantando em público desse jeito, muito menos dentro de um ônibus. E ainda por cima Janis! Quando penso que a vida já me aprontou de tudo, acontece uma dessas. Incrível o que o Natal nos faz.

Foi massa. Só faltou o mais importante: registrar aquele momento com uma foto. Mas eu sempre deixo escapar essas cenas, talvez por não gostar muito de tirar fotos.

Obrigado, José. Que Deus lhe permita viver muitas outras experiências e curtir a vida como só quem conhece a estrada sabe fazer.

Um abraço. E até qualquer dia.

Oh Lord, won’t you buy me a Mercedes-Benz...



quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

O Natal, Noel e Sofia*

Depois de alguns anos e de um sonho…

Ela se levantou bem a tempo, antes de todo mundo.

Saiu do quarto pé ante pé, em silêncio. Ainda estava de pijama — um muito parecido com aquele que usava no Natal passado, que parecia ter saído direto do sonho que tivera. Só não trazia mais o travesseirinho… afinal, agora ela já estava crescidinha.

Pela janela da sala, viu que ainda estava escuro lá fora.

Desde aquele Natal em que tudo mudou, Sofia havia crescido bastante. Agora, com quase cinco anos, achava que já sabia como tudo acontecia nessa época do ano. Dessa vez, ela estava determinada: conseguiria vê-lo.

Passou devagarinho pela porta do corredor e a encostou com cuidado. Não queria acordar ninguém. Não por nada… mas, entre nós, acho que ela é meio atrapalhada. Puxou a quem? A mim, claro — seu pai.

Lembro bem de quando ela era menor, uns dois anos atrás, e tentou fazer exatamente o que fazia agora. Naquela época, não entendia direito o que era o Natal. Também saiu sorrateira do quarto, atravessou o corredor rumo à sala, mas ao fechar a porta acabou prendendo o rabinho do cachorro. Um escândalo. Ela nem percebeu que o bichinho a seguia de pertinho. Coitadinho, chorou tanto que acabou acordando todo mundo. Felizmente, nada sério aconteceu.

Ah, mas no ano passado... foi uma aventura.

Foi sua primeira tentativa séria de ver o Noel de perto. Chegou até a sala e ficou sentadinha ao lado do sofá, ajeitada sobre uma almofada, em silêncio, esperando. Estava decidida a não deixar o bom velhinho escapar. Só que a demora bateu forte — e com ela, a sede. Foi até a cozinha buscar um copo d'água, mesmo sabendo que nem eu, nem sua mãe gostávamos que ela fizesse isso sozinha à noite. Hoje ela entende que tínhamos razão: podia se machucar.

Quando levou o copo à boca, ouviu um barulho vindo da sala. Largou tudo e correu. Mas, no caminho, pisou justamente no ursinho que alguém — ou alguma coisa — deixara no chão. Tropeçou, caiu de costas, puxou a toalha da mesa e derrubou toda a água. O ursinho não estava ali antes. Quem o pôs ali?

Cheguei a tempo de ajudá-la. Nem sei como cheguei tão rápido, mas fui preciso. No fim, mais um Natal salvo, sem nenhum machucado.

E agora, ali estávamos nós de novo. Olhei para o relógio cuco na parede: quase meia-noite. Ela também olhou. Sabia que ele estava para chegar.

Abraçou o mesmo ursinho do acidente anterior, soltou-se dos meus braços e se ajeitou encostando a cabecinha no braço do sofá. Silenciosa, olhos fixos na árvore. Não olhava nem para mim, nem para sua mãe. Só para a árvore.

Ficou assim por alguns minutos... e, aos poucos, o sono venceu.

Adormeceu.

Mais tarde, foi minha voz que a acordou. Falei baixinho, com cuidado.

Ela abriu os olhos, sorriu e, como se de repente lembrasse de algo, olhou rápido ao redor da sala e para a árvore de Natal.

— Esperando por ele de novo, filhinha...

Ela não respondeu. Soltou-se das minhas mãos e correu até a árvore.

Lá estava seu presente. De novo, com um lacinho rosa.

Ela dormira e sonhara. Não me viu chegar, nem me viu beijar sua testa e colocar seu presente bem no centro da árvore, junto aos outros.

Ficou parada por alguns instantes, só olhando. Depois, pegou o presente com cuidado e deitou-se debaixo da árvore. Como todos os anos, logo eu e sua mãe nos juntamos a ela. Ficamos ali, por longos minutos, só observando o pisca-pisca colorido fazendo sua mágica.

— Pai... ele existe mesmo? O Papai Noel?

— Sim, filhinha. E por mais que você cresça, ele sempre estará aqui, neste dia.

— Mas eu dormi e não vi.

— Eu sei, querida... mas tenho certeza de que ele a viu. E beijou seu rostinho. No ano que vem você tenta de novo.

— É... Feliz Natal, papai. Feliz Natal, mamãe.

— Feliz Natal, meu amorzinho.

 

*Conto premiado no Projeto Aparere “Coletânea de Natal”, da editora Perse em 2020


https://www.facebook.com/LivrosAdemirdeFreitas

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Uma noite de Natal - Parte III

Era um homem alto, de pele negra, com uma mochila nas costas e uma bolsa na mão. Por mais amistoso que Leon tenha sido, ele apenas acenou com a cabeça em cumprimento, sem trocar palavras.

— Seja bem-vindo, estamos organizando uma ceia de Natal — disse Leon, com um sorriso acolhedor.

O homem, sério e desconfiado, segurava firme sua mala e caminhava até nós, observando cada um com um olhar atento.

— Só vim trazer o que me pediram — disse ele, abrindo a mala e retirando de dentro uma garrafa de champanhe. — Mas só darei uma.

Ele entregou a garrafa para Leon, que a pegou e mostrou para todos, dizendo com um brilho nos olhos:

— Já temos como brindar!

Enquanto todos se ajeitavam, me aproximei do homem e perguntei seu nome.

Ele me observou de cima a baixo, esticou a mão em minha direção e respondeu:

— Sou Baltazar.

— Desculpe, Baltazar, mas quem lhe pediu para trazer esta garrafa?

— Na verdade, não sei. Ganhei de um comerciante, quando o ajudei a descarregar umas mercadorias. Quando acordei hoje, encontrei um bilhete de um amigo dizendo para trazer a garrafa neste horário.

— E seu amigo, onde está?

— Não sei. Pensei que o encontraria aqui.

Ele mudou de assunto e perguntou quem eram aquelas pessoas. Depois de apresentá-las, começamos a conversar sobre aquele dia e o que o havia levado a andar pelas estradas.

Já era quase meia-noite quando Leon nos chamou para a mesa. A cena era inacreditável. Nunca vi uma mesa tão bonita. Tinha até velas... e... um peru? De onde surgiu? E parecia estar quentinho. Todos nós, surpresos, ficamos boquiabertos.

Leon pediu a palavra, agradecendo a presença de todos:

— Amigos, obrigado por estarem aqui e por colaborarem com a nossa ceia. Agora, que já está dando meia-noite, podemos cantar os parabéns para o grande aniversariante da noite, o motivo de estarmos reunidos. Depois, vamos para casa, onde aqueles que nos amam nos aguardam.

Ele caminhou até Airam e pediu permissão para pegar seu bebê. Bebê? Meu Deus, era um bebê de verdade! Olhei para Leon, e ele sorriu, como se nada fosse estranho.

Com o bebê nos braços, Leon se aproximou de todos, mostrando-o com orgulho. Ele puxou a música, e todos o seguiram.

— Feliz Natal a todos vocês, meus amigos! Vamos comer.

Enquanto todos começavam a se servir, tentei me aproximar de Leon, que entregava o bebê a sua mãe, dizendo:

— Tome seu filho, Maria, e volte para casa. Todos te amam e te esperam...

Foi quando tudo começou a fazer sentido. Maria, Airam... Airam era Maria ao contrário. E Leon... Leon era Noel? O Natal estava ali, diante de mim, e eu não entendia mais nada.

Olhei novamente para o bebê, que agora parecia inerte, um simples boneco nas mãos de Maria, que sorria feliz:

— Vamos para casa, meu filho.

De repente, olhei para onde Leon ou Noel havia ido e... não havia mais ninguém. Tudo estava vazio. Maria também desaparecera.

Confuso, abri os olhos. Tudo não passava de um sonho. Eu ainda estava deitado, coberto por uma manta velha, no banco da rodoviária. Mas aquele sabor de champanhe ainda estava em minha boca.

Não era dia de Natal, era véspera. A ideia de voltar para casa, para ver meus filhos, me invadiu com uma vontade imensa. Mas não tinha dinheiro...

De repente, lembrei-me de colocar a mão no bolso e encontrei não apenas dinheiro suficiente para o transporte, mas também um pedaço de papel. Com as mãos trêmulas, abri o papel e li:

"Confia."

Corri ao banheiro, me limpei o melhor que pude, comprei a passagem e entrei no ônibus, ainda um pouco sem jeito com as roupas amassadas. Quando o ônibus começou a sair da rodoviária, olhei pela janela e, lá estava ele.

Leon... Agora com barba branca e um tanto mais gordinho, acenava para mim e, ao longe, pude ouvi-lo gritar:

— Sejas feliz, confie sempre e um Feliz Natal!

O ônibus se afastava, mas consegui escutar ainda sua gargalhada ecoando ao vento.

— Ho, ho, ho...

Feliz Natal a todos.

CONFIA.


Parte I: http://soufreitas.blogspot.com.br/2013/11/uma-noite-de-natal-parte-i.html

Parte II: http://soufreitas.blogspot.com.br/2013/11/uma-noite-de-natal-parte-ii.html



segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

domingo, 22 de dezembro de 2013

Acha pouco? Então lá vai mais uma.

Obrigado aos amigos, conhecidos e desconhecidos que curtiram, comentaram e encaminharam o texto "Não sei quanto a você... Mas eu, acredito". Porém, um crédulo como eu sempre tem uma pequena história a compartilhar...

Chegava novamente o Natal.
Aquele ano passou voando, muito mais rápido do que minhas frágeis pernas poderiam acompanhar. E lá estava eu, incrédulo, depois de mais um ano difícil. Apesar de ter provas suficientes de que não precisava me preocupar, não conseguia evitar. Culpava tudo e todos por mais um Natal difícil, financeiramente.
Hoje, vejo minhas lamúrias daquela época com certo humor, mas, naqueles dias, cheguei a chorar. Já tinha visto aquele filme antes e sabia qual seria o final, mas relutava em acreditar que as coisas iriam dar certo novamente. Para mim, o que aconteceu no passado foi apenas sorte. Segundo meu superior no trabalho: “A sorte ilude e credibiliza aquele que ignora a realidade, mas nem sempre nos favorece.” Profundo, né?
Bem, lá estava eu novamente, me remoendo sobre como pagar os funcionários, as contas, e tentar fazer o Natal ser minimamente decente.
Choramingava pelos cantos, sempre escondido da família. Com alguns funcionários mais próximos, até me abri um pouco em busca de sugestões, mas não consegui nenhuma solução.
Arrumei uma boa grana emprestada, o suficiente para garantir o pagamento dos direitos de todos os funcionários no final do ano. Mas ainda assim, as contas estavam por minha conta, e não tinha um centavo sequer para comemorar o Natal com minha família. Preciso registrar aqui o quanto fui grato pela equipe maravilhosa com que trabalhei naquela época. Peço desculpas se, nos momentos difíceis, não pude fazer mais por eles. Muito obrigado, de coração, mas...
Neste ano, trabalharíamos até o dia 24, véspera de Natal, até meio-dia, para atender alguns clientes especiais. No dia 22, o desânimo já me abatia, mas meu pessoal seguia firme. Eu, despreparado para administrar na época, achava que isso se devia ao fato de que o deles já estava garantido. Lamento por mais essa falha.
Na noite do dia 22 para 23, não consegui dormir. Pensava em várias desculpas para justificar o atraso do aluguel ao proprietário do imóvel, mas não encontrei nenhuma. Resolvi então falar a verdade e pagar o que fosse justo, quando conseguisse o dinheiro.
Enquanto meu pessoal, já em clima de Natal, se preparava para sair e atender os clientes, eu chegava à empresa com aquele "bom dia" de baixo astral. Na minha mesa, um pequeno bilhete dizia: “Ligar para tal pessoa.”
Era uma síndica de um condomínio do governo, um famoso CDHU. Queria uma visita.
Já tinha estado naquele condomínio umas sete ou oito vezes, e sempre era a mesma confusão. Queriam um sistema de interfones, mas ninguém decidia nada, então pensei em não ir. Já estava amassando o papel para jogá-lo no lixo, quando algo me fez lembrar de um Natal distante, quando passei por algo semelhante.
Peguei o bilhete de volta do lixo e fui até o local.
Ao chegar lá, tudo estava como das outras vezes. Uma bagunça de moradores, todos discutindo sem chegar a nenhum acordo. Já estava fechando minha pasta e dizendo que retornaria no próximo ano, quando a síndica pediu para eu esperar. Ela saiu da sala da reunião, foi ao seu quarto e voltou com um saco de mercado na mão.
Calmamente, mas frustrado pelo tempo perdido, sentei-me novamente no sofá, enquanto os moradores continuavam a discussão sem fim.
Ela pediu a palavra e disse:

“Sr. Freitas, teremos que deixar isso para o próximo ano, até decidirmos o que fazer. Mas eu e os moradores queremos deixar tudo pago para que, quando decidirmos, o senhor possa instalar o sistema rapidamente.”
Pago? De novo estava acontecendo... Ela me passou o saco, pedindo desculpas pelo incômodo e pela bagunça da reunião.
Quando abri o saco, encontrei todo o valor da compra e instalação do sistema, em notas trocadas. Ela provavelmente tinha arrecadado o dinheiro durante todo aquele tempo, meses que eu achava perdidos e sem futuro.
Nem preciso dizer o tamanho do sorriso no meu rosto. Ah, como Ele consegue me atender, mesmo sendo eu, assim... Tão incrédulo.
Fiz o recibo e corri para a empresa. Meu pessoal ainda estava na rua, então decidi esperá-los, apesar da ansiedade, para comemorarmos juntos no final do dia. Só então fui pagar o aluguel. Mandei todos para casa. Encerrava ali o ano de trabalho deles, e no dia 24, atendi sozinho os clientes que nos procuraram. Acho que foi o dia mais feliz do ano. A cada cliente que passei, além de alguns presentes que ganhei, fui parabenizado pelo bom ano de trabalho da minha equipe e até recebi alguns abraços sinceros.
Ah, meu bom Deus... Obrigado por mais essa oportunidade. Sua paciência e amor não têm limites.
Nunca mais tive um Natal com aqueles sentimentos negativos, e todos os anos comemoro com um bolo, o aniversário mais importante de minha vida. Nada de exageros, apenas uma comemoração simples, com, é claro, os parabéns. Tudo sempre dá certo no final.
Incrível como Ele me supre.
Obrigado, Abba!


*Pai.

O tempo está do meu lado



Sou um pouco lento para entender o que a minha intuição sussurra aos meus ouvidos.

Basta eu estar pra baixo, um pouco desanimado, e ela começa a me enviar mensagens…

Certa vez, chegando na casa de um amigo, vi em sua estante um DVD do Rolling Stones, de um show realizado em algum estádio pelo mundo no final dos anos 70.

O show em si era incrível, mas o que realmente me chamou a atenção foi uma música que eu não conhecia. Mick Jagger estava arrebentando em "Time is on my Side". Infelizmente, o DVD era emprestado, e não pude copiá-lo. Com o tempo, perdi a chance de encontrá-lo de novo. Uma pena.

Alguns anos depois, assisti a um filme com Denzel Washington, "Possuídos". Em determinado momento, o vilão aparece cantando exatamente a mesma música. Ele dizia que o mal era eterno, e que o tempo estava ao seu lado. No final do filme, o mal leva vantagem sobre o mocinho, Denzel. Parece mesmo que é eterno, não? O mal, infelizmente, é uma constante e não tem prazo para acabar.

Voltando à música…

Alguns anos depois, estava em um momento difícil da minha vida, angustiado com uma situação familiar. Sentia-me irritado e frustrado, com o que, hoje, parecem ser apenas bobagens, mas que na época pareciam problemas impossíveis de resolver. Decidi sair para espairecer. Fui a Santo André, assistir ao jogo do meu time, o Ramalhão.

Quando cheguei ao terminal rodoviário do Tietê, lá estava ele, Mick Jagger, esperando para cantar novamente. E, novamente, cantando "Time is on my Side". Parece que ele estava esperando que eu ficasse parado em frente à loja para começar. Parei e escutei, mesmo com as dezenas de pessoas passando e esbarrando em mim.

A propósito… A diretoria do Santo André deveria me contratar como amuleto, pois nas raras vezes que fui ao estádio assistir aos jogos do time, ele nunca perdeu.

A primeira coisa que fiz quando voltei para casa, feliz com a vitória do "Glorioso", foi baixar a música na internet e procurar sua tradução.

A tradução não diz nada de especial, mas a música… Ah, a música é demais.

Demorou um tempo, mas finalmente entendi a mensagem (sim, sou um pouco devagar). Percebi que o tempo está ao meu lado, e que eu não preciso me preocupar com nada.

Tudo serve, tudo me alimenta e me alegra. A questão é experimentar. O tempo está aqui para isso. Ele existe para nos ensinar que estamos aqui para vivê-lo e aproveitá-lo ao máximo, para experimentar tudo o que a vida oferece.

Desculpe, mas acho que vou aumentar o volume…

Time, time, time… is on my side, yes it is.

 


sábado, 21 de dezembro de 2013

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Esperança

Como saber se o que vejo, 
se o que desejo, é real. 
Se a imagem que busco tocar
realmente existe.
Não é somente ver...
É sentir, vestir, entrar.
Saberia se não mudasse a cada instante,
se deixasse de ser mutante,
fixar-se e ser verdadeiro.
Com certeza não sou o primeiro,
nem serei o último a tentar entender ,
o que pode existir.
Não basta fingir.
pensar que superei, 
enganar-me, que não errei.
Como saber se o tempo
irá transformar tudo.
Não me iludo, não vai acontecer.
Continuarei a ver pela mesma fresta
de uma vida que passa
que nada mais resta.
Que nada mais pesa, é tudo perdido.
Os olhos me iludem, enganam
os ouvidos, só ouvem o que quer
A intuição está fria
e minha alma vazia.
A mente... Mente ao coração
afirmando que está tudo certo
mas, mais perto
está a desilusão.
Só me resta a esperança,
de que você existe.


Sou Freitas

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Mais um dia na praia


Naquele momento, a brisa tocava suavemente o corpo de Dani, enquanto o mar estava distante. O sol começava a surgir, e ela já estava sentada, de frente para o oceano.

Silenciosa, aguardava uma reação do instrumento que segurava firme entre as mãos. Sua respiração estava controlada, o ar entrando e saindo naturalmente, sem esforço algum.

Ajeitou-se na cadeira, sentindo a ansiedade desaparecer à medida que se preparava para o que sabia que seria um dia incrível.

Ela olhou ao longe, fixando seu olhar na quebra das ondas. De onde estava, podia sentir o gosto salgado do mar. Quando passava a língua entre os lábios, o sabor agradável a convidava mais e mais a experimentá-lo. A brisa trazia consigo o cheiro do mar. Não sabia exatamente o que era, mas sabia que era bom.

Às vezes, fechava os olhos para se concentrar no som das ondas e no borbulho das espumas. Pareciam frituras, estalando suavemente. O som penetrante do "chuá" das ondas a envolvia, e, ainda com os olhos fechados, sentia-se uma parte daquele cenário, como se estivesse em perfeita harmonia com tudo.

Ah, como se extasiava com tudo aquilo!

Levantava a cabeça e acompanhava, com calma, o voo das aves que cruzavam o céu. Quando viam as aves fazerem curvas perfeitas, inclinava a cabeça, e ao vê-las mergulharem em busca de alimento, seu corpo se inclinava levemente para frente. Repetia seus movimentos com uma delicadeza extrema, como se fosse sua sombra, ainda que não saísse da cadeira.

Virou a cabeça lentamente na direção oposta, atraída por um som familiar. Era um navio cruzando a paisagem.

Era muito comum que aparecessem naquela hora. Mesmo distante, ela conseguia ouvir o som dos cascos do navio subindo e descendo sobre as ondas, num ritmo perfeito. Às vezes, um apito suave, quase imperceptível para qualquer um, mas ela o ouvia claramente.

Sorriu, sem mover os lábios.

Aquele som era doce, muito mais agradável do que a gritaria dos meninos que começavam a chegar à praia. Eles traziam pranchas de isopor ou bolas, e eram barulhentos demais. Seus olhares, curiosos e desconfortáveis, sempre voltados para ela, anunciavam que era hora de ir embora.

Bastou um leve movimento na cadeira, com um pouco mais de insistência, para que duas mãos tocassem seu ombro, e a voz mais doce do mundo chegasse suavemente aos seus ouvidos:

— Já entendi, querida. Vamos embora.

Ela recolheu suas mãos, que descansavam sobre os apoios da cadeira, e seu marido girou a cadeira de rodas, virando-a para longe do mar.

Mais uma vez, Dani agradeceu a Deus, por ter criado aquele momento tão maravilhoso, que ela podia desfrutar.

Com um sorriso, encostou a cabeça nas mãos do marido, reconhecendo o amor incondicional que compartilhavam.

Eles voltavam para casa, mas sabiam que, no dia seguinte, tudo se repetiria.



quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Eu x Banheiros

Não ia escrever sobre isso, acho um tanto... complicado. Mas lá vai...

Não me dou bem com banheiros de outros lugares, fora do meu domínio. Sempre acontece alguma coisa desagradável. Tinha prometido a mim mesmo não tocar no assunto, mas fui desafiado. As pessoas não acreditam que essas coisas acontecem comigo. Cada vez que fecho a porta desses pequenos espaços de quatro paredes, o risco é grande. Não me venham com probabilidades, é Murphy. Se existe uma possibilidade de algo dar errado, pode ter certeza de que estarei ali para vivenciar.

Tem um bar que frequento, onde tomo minhas cervejas com o Maninho. Toda vez que vou ao banheiro, me tornei uma vítima. Sempre que chega minha vez e eu fecho a porta, a luz se apaga. Imagina um cara apertado, tentando acertar o alvo no escuro. Sou salvo, na maioria das vezes, pelo som, quando acerto de primeira. Mas sempre que volto e pergunto aos colegas, quem usou o banheiro antes de mim diz que não teve problemas com a iluminação. Só eu mesmo. E sempre tem um engraçadinho dizendo que fui eu quem molhei o chão.

Alguém já viu vaso de flor dentro de um banheiro? Pois bem, eu tropecei em um e quase o quebrei, fazendo um barulhão. Corriam para bater na porta para ver se eu estava bem. O pior foi sair de lá com os pés sujos de terra preta. Como negar? E onde já se viu ter um vaso dentro de um banheiro?

Ficar trancado dentro de um banheiro já virou rotina. Uma vez, fiz de tudo e não consegui abrir a porta. Tive que berrar até que um funcionário da loja viesse me soltar. Mais um mico para minha coleção.

E aquelas malditas cordinhas de descarga? Já perdi a conta de quantas eu arrebentei. E não é por força exagerada, elas simplesmente me esperam para romper. É impressionante. Até uma dessas caixas de descarga suspensas eu já derrubei.

Ainda bem que só faço o número dois em casa, porque se não... ia dar merda!

Na faculdade, já entrei no banheiro errado, no feminino, duas vezes. Juro que olhei o homenzinho na porta antes de entrar. Ainda bem que nunca havia ninguém lá para me flagrar.

Mas a minha maior proeza aconteceu em uma casa especial. Não vou entregar o lugar, não insistam.

Assim que entrei, já muito apertado, percebi que o trinco não fechava. Pensei: como vou me aliviar com a porta aberta? Alguém poderia entrar. A primeira tentativa foi segurar a porta com um pé. Não deu certo, o vaso estava longe demais. Procurei algo para travá-la. Nada.

A necessidade apertava cada vez mais, e eu não tive escolha. Pensei em fazer rapidinho, de olho na porta. Se alguém tentasse entrar, eu parava e empurrava a porta. Não dava mais tempo. Lá fui eu.

Um olho no vaso, outro na porta.

Foi só começar e… tentaram entrar. Era a vovózinha da casa. Rapidamente, empurrei a porta e disse:

— Tem gente, vó!

— Gente? Sou eu, quero entrar! Tô apertada!

— Eu também, vó! Só um minuto!

Tentei largar a porta para terminar o serviço e ela empurrou, tentando entrar de novo.

— Vó, espera um pouco, já tô terminando.

— Sai logo, meu filho! Vou fazer nas calças!

— Eu já tô fazendo, vó!

— Vai logo, que eu não aguento mais, meu filho!

Sem chances. Parei por ali mesmo. A bexiga implorava para ser esvaziada e a vó berrava para entrar. Decidi tentar mais uma vez. E de novo, ela empurrou a porta tentando entrar.

— Só um minuto, vó, já tô terminando.

Tá certo, menti para a velhinha. Nem havia começado, mas estava por um triz. Ela tentou de novo. Não tinha jeito. Eu tinha que sair para deixá-la entrar. Seja o que Deus quiser. Me ajeitei e saí.

Para minha surpresa, não era só a vovó que estava ali do outro lado da porta. Tinha pelo menos três velhinhas. Ferrou.

Sai com a maior velocidade em direção à frente da casa, procurando algum lugar para me aliviar. A rua estava lotada de gente. Que desespero. Mal conseguia andar. Então vi um comércio na esquina da quadra. Com um esforço imenso, me apertando ao máximo, fui na direção do lugar.

Chegando lá, só perguntei pelo banheiro e corri para onde o balconista apontou. Enfim, iria me aliviar.

— Não acredito! A porta está trancada! Balconista, por favor, a chave! Rápido!

Ele demorou séculos para dar a volta no balcão e me entregar a chave. Todo tremendo e nervoso, ele não acertava a fechadura. Ele me socorreu mais uma vez. Entrei e bati a porta.

Cadê o interruptor da lâmpada? Deixa pra lá…

Aaaaaaaaaah… Enfim!

Eu saí mais corado e aliviado daquele bar. Voltei para a casa do colega.

Quando cheguei, todos me procuravam preocupados. Expliquei o que aconteceu e, aí, descobri que havia outro banheiro no mesmo corredor, bem próximo ao que eu tinha usado. O problema é que a vovó só usava aquele.

Ah! Saudades de lá de casa.



domingo, 15 de dezembro de 2013

Não precisa ter medo.

Há muito e muitos anos atrás, me deparei com algo que me fez refletir... O homem sem medo.

Na época era um jovem ativo, questionador e chegou as minhas mãos um livro de histórias em quadrinhos, um gibi. Não me lembro como o consegui. Relevem, faz quase quarenta anos...
Seu nome era Matt Murdock, também conhecido como Demolidor. Calma, já vou relacionar...
Ele foi o primeiro homem sem medo que conheci e gostei muito. Um deficiente visual, que acabava com os bandidos. Mas o que realmente me fez comprar muitos gibis desse personagem de Stan Lee, foi esse herói não ter medo de nada. 
O que fez ele para se tornar assim, o homem sem medo, foi o difícil convívio com sua deficiência e o assassinato de seu pai. Mando do Rei do Crime.
Quando comecei a ler suas histórias, entendi que poderia ser igual, não ter medo. Tínhamos algo em comum, então poderia me tornar também um homem sem medo. Devorei suas histórias. Mal a revista chegava as bancas e lá estava eu a comprando.
Deixei de lado, traumas, vergonhas, constrangimentos e parti pra luta. Não pensem que vesti uma máscara e sai por aí dando porrada a torto e direito. Ao contrário. Tirei minha máscara de coitado e aceitei todo e qualquer desafio que vinha pela frente. Acredito que até me dei bem. Mas continuava com medo. 
Não conseguia ser Matt Murdock.
Lutava contra preconceitos, cuidados extremos e até impossibilidades físicas. Como no caso do meu adorado voleibol. Mas não vencia o medo.
Não sei ao certo como aconteceu. Talvez sejam meus vários anos ligados e dedicados a igreja católica, somados com as dificuldades que a vida insistia em colocar no meu caminho. Um exemplo que sempre conto aos colegas, foi meu primeiro emprego fichado, foi quase assim:
Meu Mano véio trabalhava em uma metalúrgica e eu acabara de sair de uma cirurgia, quando surgiu uma vaga no almoxarifado. Ele me avisou e conversou com o chefe dele, que mandou-me ir para uma entrevista. Era uma época complicada, ninguém aceitava um funcionário que usasse bengala (estava em recuperação da cirurgia). Então fui de bengala até perto da empresa, a escondi num terreno baldio, que tinha ao lado da empresa e Mano véio ajudou-me a entrar na empresa. Como entrei atrás dele, ninguém percebeu o quanto eu mancava. Consegui a vaga. Depois dei um jeito e terminei ficando.
Voltemos ao Demolidor e ao medo.
Apesar de te-lo enfrentado por diversas vezes, o medo, ele era um fantasma que sempre me rodeava, então o venci. Como?
Encontrei-me com Ele. Verdade... Já escrevi aqui meu lema de vida, (Olhai os lírios do campo...) e foi através Dele, que comecei realmente a viver sem medo.
Foi incrível. Não percebi quando se deu, mas de repente percebi que não precisava mais me preocupar com nada, absolutamente nada. Ele sempre coloca as coisas no meu caminho. Preciso de uma coisa e ela acontece.
Como consegui? Eu apenas o aceitei e deixei minha vida em suas mãos.
Por quantas coisas lutei, dediquei, sacrifiquei e esforcei-me ao máximo e não consegui nada. Agora sem maiores esforços, elas acontecem. Basta que eu precise e melhor ainda, nem preciso pedir.
Esse é o maior inimigo do homem, o medo.
Perdi meu medo de qualquer coisa. Corajoso, valente... Não. Ainda sou um borra-botas, mas sem medo da vida.
Não me preocupo com nada que seja físico, nenhuma necessidade material, só em experimentar a vida e aceitar tudo que Ele me oferece nela.
Hoje sou um homem sem medo.

Ele me basta. Quem é Ele... Pra quem ainda não sabe... É Deus.


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

# 201 - Lobão

Pensamento Vivo - 201


A cidade enlouquece em sonhos tortos
Na verdade nada é o que parece ser
As pessoas enlouquecem calmamente
Viciosamente, sem prazer...


Lobão

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Roubos e roubadas


Já vi roubarem de tudo… Tem coisas que parecem inacreditáveis, mas sempre tem alguém pronto para superar os limites e fazer "diferente". Roubar a lua, como no filme Meu Malvado Favorito? Hoje, já não duvido que algo assim possa acontecer.

Há muitos anos, soube de um roubo que me deixou de boca aberta: o cérebro de Albert Einstein. Quem teria coragem de roubar o cérebro de um gênio? Eu achava que o cérebro havia sido enterrado com o corpo de Einstein e que jamais seria separado dele. Mas, com a desculpa de "analisar" aquele cérebro incrível, o patologista que fez a autópsia acabou roubando-o e levando para sua casa. Anos depois, os descendentes desse patologista tentaram devolver o que restava do cérebro para a família de Einstein, que se recusou a aceitá-lo. Pode isso?

Na Rússia, aconteceu algo ainda mais estranho. Um sujeito tentou assaltar uma cabeleireira. Tentou, mas deu mal. Ela o dominou e o manteve algemado por três dias, obrigando-o a satisfazê-la sexualmente. Resultado: ambos foram presos. Ele, pela tentativa de roubo; ela, por estupro. Vai vendo…

Arrastões em praias, bares, restaurantes, condomínios… Já não é mais novidade. Quando menos se espera, acontece.

Eu me lembro de uma situação, faz muitos e muitos anos, quando estava sentado na mureta da escola, namorando. Dois homens chegaram até nós, um da minha idade e o outro bem mais velho.

— Não façam nada, é um assalto! Mê deem a grana!

— Calma, cara, só tenho uns trocados…

— Passe o relógio, vocês dois!

Eu estava com meu adiantamento no bolso. Tinha acabado de receber, e minha namorada me ligou, marcando o encontro em frente à escola dela. Não dava tempo de passar em casa, então fui direto. Mesmo assim, só puxei uma nota do bolso. Uma nota de cinco. Não sei quanto ela valeria hoje, mas, naquela época, era uma grana boa demais para entregar aos assaltantes. Mas, o que fazer?

Eles pegaram a grana, nossos relógios e foram andando, fazendo sinal de silêncio. Estava falando para minha namorada sobre o adiantamento que eu tinha recebido, quando eles pararam a alguns metros de distância. Apontaram para nós e começaram a voltar. Ficamos paralisados. O que iriam fazer agora? Nem deu tempo de fugirmos.

Sem pensar, tirei o restante da grana e a joguei num buraco no bloco onde estávamos sentados. Quando se aproximaram, o mais velho me apontou o dedo e disse:

— Rapaz, fica de pé. Deixa eu ver uma coisa…

Eu pensei: "Ferrou. Tô morto…"

Ele me olhou dos pés à cabeça, pegou os relógios, a grana e, para minha surpresa, me devolveu tudo.

— Desculpa, a gente só está roubando porque precisamos muito disso. Desculpa.

Confesso que não entendi nada. Chamei-os quando já estavam virando as costas e começando a andar para longe. Eles pararam, se olharam e voltaram.

Minha namorada me perguntou baixinho, surpresa:

— Você está louco?

Eles chegaram mais perto, olharam para os lados, desconfiados, e perguntaram:

— O que foi, cara? Já não te devolvi tudo? O que você quer?

— Caras, se vocês estão precisando, peguem a grana que me devolveram. Não seria roubo, eu estou dando.

Eles olharam para mim, espantados, e o mais novo pegou o dinheiro da minha mão. Começaram a se afastar, enquanto eu perguntava:

— Por que me devolveram tudo?

— Não sabíamos que você era assim…

Aceleraram o passo e desapareceram na esquina. Eu fiquei ali, parado, tentando entender o que eles queriam dizer com aquilo. Nem todo mundo é tão ruim assim. Às vezes, as situações são tão extremas que ultrapassam nossa capacidade de reagir.

Espero que eles não tenham roubado mais. Mas, sendo sincero, acho difícil acreditar que não o tenham feito.

E sobre o porquê de me devolverem a grana?

Ah, com certeza, vocês não me conhecem…





terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Não sei quanto a você... Mas eu, acredito no Natal.


Não sei quanto a você... Mas eu acredito no Natal. Você talvez não acredite que, nessa época, o Natal, muitas coisas acontecem... Eu creio.

Aquele ano foi muito difícil em razão dos pacotes econômicos do governo e, com a chegada do Natal, parecia que piorava. Não sobrava dinheiro para nada, por mais que economizasse.

Eu tinha uma microempresa, com sete funcionários, e não podia deixar faltar minhas obrigações trabalhistas com eles. Contavam com o pagamento em dia, o 13º salário para as festas de Natal e Fim de Ano. Eles sabiam que eu estava tentando de tudo para não faltar com minha obrigação. Por outro lado, eu também via o quanto se esforçavam para me ajudar. Todos entendíamos que não teria como segurá-los no próximo ano, que eu teria que dispensar alguns. Realmente estávamos muito mal financeiramente e, fatalmente, iria encerrar a empresa.

Quando faltavam apenas alguns dias para o pagamento, surgiu um bom serviço. Conseguimos realizá-lo e recebê-lo a tempo. Todos ficaram felizes e consegui cumprir com minha obrigação, porém, não restou nada, nenhum recurso para o meu Natal.

Apesar de ter ficado feliz por conseguir pagar todos os funcionários, sabia que o meu Natal seria difícil, até mesmo para comprar um bom presente para meu primeiro filho ou ainda, fazer uma ceia digna em casa. Passar o Natal na casa de amigos? Nem pensar. Eu acho chato demais ir e não levar nada. Pode até ser orgulho, mas isso estava fora de questão.

Cheguei em casa, contei como estava nossa situação e disse que não sabia como iríamos fazer. Realmente seria um Natal muito triste.

Os dias foram passando e nada de aparecer um serviço que nos ajudasse. Meus amigos funcionários perceberam meu desânimo e tristeza, mas não tinham como me ajudar e assim foi até o dia 23 de dezembro, quando nos despedimos. O ano de trabalho havia terminado. Foi uma despedida um pouco triste, porém muito boa, e todos foram para casa.

Fechei a empresa e fui para casa sem saber o que fazer ou como dar a notícia de que não havia conseguido nada.

A única coisa que ouvi quando contei foi... "Amanhã será outro dia".

O amanhã chegou.

Tinha planejado não abrir a empresa naquele sábado, dia 24, véspera de Natal, mas como não tinha o que fazer e estava desanimado, saí de casa muito cedo e fui para lá. Pensei em aproveitar o dia para arrumar algumas coisas e assim me ocupar.

Após uns quarenta minutos da minha chegada, o telefone tocou.

Era o dono de um mercadinho interessado em uma central telefônica. Normalmente, quando isso ocorria, eu fazia uma visita ao cliente e gerava um orçamento. Depois de alguns dias, quando aprovado, recebia 40% do valor (normalmente em cheque para alguns dias, o restante do valor pagava parcelado), fazia o pedido do equipamento para o fabricante, que me entregava em dez dias. Depois de tudo isso, eu instalava e recebia minha mão de obra.

Mesmo sabendo de todo esse longo procedimento, fechei a empresa e fui encontrar o cliente. Pelo menos começaria o ano com algum dinheiro para honrar mais alguns compromissos. Se fizesse a venda, é claro.

Quando cheguei ao mercadinho, o movimento estava muito grande e confesso que fiquei mais angustiado ao ver os carrinhos cheios de compras passando por mim. Logo, o proprietário veio me atender.

Expliquei como tudo funcionava e o que poderia oferecer. Para meu espanto, ele falou que queria comprar e pagar à vista. Naquela época, onde o dinheiro estava tão escasso em razão da economia do país, ninguém pagava um valor razoavelmente alto dessa forma, principalmente na véspera do Natal.

Para melhorar as coisas, ele resolveu comprar o único modelo que tinha na empresa a pronta entrega. Uma máquina parada em meu estoque, onde ganharia 100% do negócio. É claro que fiquei feliz, apesar de saber que veria esse dinheiro apenas no ano seguinte. Ainda assim, estava ótimo. Então veio a frase esperada.

— Só tem um problema, estou meio enrolado nesses dias de festas, se não for problema da forma que eu posso te pagar...

Eu sabia... Tudo estava indo bem demais para ser verdade. Fiquei ali no seu escritório preenchendo o formulário de compra, enquanto ele foi buscar o que imaginei ser o cheque.

O proprietário demorou uns vinte minutos para retornar, então colocou um pacote enorme de notas trocadas e miúdas na minha frente, dizendo:

— Sei que não é adequado, mas aqui é um mercadinho. Posso pagá-lo com dinheiro trocado? Estou sem cheque nesse momento, se não for incomodar...

Incomodar???

Peguei todo aquele dinheiro, coloquei na minha pasta de mão, cumprimentei o proprietário pela ótima aquisição, me comprometi a instalar o mais rápido possível e parti rapidamente para casa.

Quando cheguei em casa, por volta das 12 horas, chamei todos para a sala e disse:

— Venham ver, Papai Noel entregou nosso presente mais cedo esse ano.

Abri minha pasta e deixei cair todas aquelas notas miúdas sobre a mesa da sala, para espanto de todos.

Passamos um excelente e farto Natal, sem bebedeiras ou exageros como em anos anteriores. Aliás, nunca mais comemoramos assim, erradamente. Agora, todo Natal, preparamos um bolo de nozes e comemoramos o nascimento daquele que tudo nos proporciona.

Acredite, o Natal existe. Basta querer vivê-lo como deve ser... Com muito respeito e alegria.

Ho, ho, ho.




sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Maverick V8

Sempre sonhei em ter um Maverick V8. Sair por aí dirigindo, sentindo o ronco do motor e o vento no rosto. Era o carro dos meus sonhos.

E tudo começou de forma inesperada.

Eu estava andando com o Nando, meu melhor amigo desde o primeiro ano da escola, quando paramos em frente a uma vitrine. E lá estava ele: o Maverick V8 azul e branco.

Fiquei paralisado. Meus olhos grudaram naquela máquina como se fossem imãs. O capô azul royal exibia duas faixas brancas que corriam do para-brisa até o bico do carro. Nas laterais, outra faixa branca acompanhava o contorno. Era exatamente como eu imaginava. Como se tivesse saído direto do meu sonho para aquela vitrine.

Nando me chamava, tentando me tirar do transe, mas eu não ouvia. Estava hipnotizado.

A partir daquele dia, passei a inventar desculpas para cruzar com a loja diariamente. Só para vê-lo mais uma vez. E mais uma. E mais uma. Comecei a guardar cada moedinha que podia. Minha missão era clara: aquele carro seria meu.

A obsessão foi tanta que até sonhei com ele.

Naquele sonho, eu dirigia por uma estrada rumo ao litoral. Os vidros abertos deixavam o vento acariciar meu rosto, enquanto no rádio tocava minha música favorita do Elvis, Suspicious Minds.

Ao meu lado, estava a Marcinha. Usava óculos escuros e uma blusa azul-clara com bolinhas brancas. Desde o dia em que recolhi os livros que ela deixou cair no pátio da escola, meu coração era dela. E, naquele sonho, ríamos de alguma coisa sem sentido enquanto o Maverick cortava a estrada.

O volante era leve como seda. Cada marcha que trocava parecia alimentar o carro, dar-lhe força, como se o motor pulsasse junto com meu coração. Era como se eu conhecesse cada pistão pelo nome. E os carros à frente? Assim que viam a frente intimidadora do meu Maverick pelo retrovisor, imediatamente abriam passagem. Eu sorria ao vê-los ficando para trás.

Acordei com aquele som ainda nos ouvidos. O ronco do motor, a risada da Marcinha, a melodia do Elvis.

Trabalhei feito gente grande. Fiz serviços extras, alguns pesados, tudo para acelerar a conquista do meu sonho. Nada me desanimava.

Nando, por outro lado, começou a se afastar. Dizia que eu só falava daquele carro e que, ao chegar à loja, esquecia do mundo. Talvez ele tivesse razão — eu realmente esquecia. Fechava os olhos e podia quase ouvir o motor ligado, chamando por mim.

Mas um dia, ao chegar à vitrine, levei um choque: o carro não estava lá. Apenas a placa amarela com os dizeres "Vende-se Maverick V8" permanecia, como um aviso cruel. Entrei correndo na loja. Falei tão rápido com o vendedor que ele nem entendeu. Tive que levá-lo até o local vazio, apontar a placa e praticamente implorar por uma explicação.

Ele riu e explicou que o carro havia sido retirado apenas para a limpeza do espaço, mas que voltaria no dia seguinte ou no outro.

Respirei aliviado, mas antes que eu saísse, ele colocou a mão no meu ombro e disse:

— Meu rapaz, é melhor você arrumar logo esse dinheiro. Muita gente já veio ver esse carro. É uma raridade. Não vai aparecer outro igual.

Aquelas palavras não saíam da minha cabeça. Talvez fosse só papo de vendedor, mas funcionou. Em três dias, fui pedir ajuda ao meu pai para completar o valor que faltava. Contei sobre todo o meu esforço, o quanto aquele carro significava pra mim. Falei até do som que eu ouvia ao fechar os olhos.

Ele me olhou com seriedade e respondeu:

— Era isso que você queria com tanto esforço? Amanhã vamos ver esse carro juntos, e decidimos.

Aceitei. Não tinha escolha.

Foi a noite mais longa da minha vida. Rolei na cama até tarde, sem conseguir dormir. No dia seguinte, levantei cedo, pronto. Chamei meu pai, que ainda tomava café com a maior calma do mundo. Eu, do lado de fora, perto do portão, suava em expectativa.

Quando finalmente saímos, eu mal conseguia prestar atenção no caminho. Meu pai até me chamou a atenção por atravessar a rua sem olhar. Depois de uma eternidade, chegamos à loja.

Agarrei o braço dele e fui direto ao vendedor. O carro estava lá, brilhando.

— Ainda está pelo mesmo preço? — perguntei, quase sem fôlego.

— Sim. — respondeu ele, sorrindo.

Entreguei-lhe todo o dinheiro que tinha. Faltava um pouco. Olhei para meu pai.

— Tudo bem — ele disse, com um sorriso. — Eu completo. O carro é dele.

O vendedor abriu a vitrine, pegou a miniatura do Maverick V8 e a placa amarela. Colocou tudo em minhas mãos.

— Vendido. E a placa também é sua.

Foi o dia mais feliz dos meus dez anos de vida. Meu pai, percebendo isso, me levou para comemorar com um sorvete. Por conta dele, é claro.

Hoje, ao olhar para a estante do meu quarto, vejo o velho carrinho e a plaquinha já desbotada pelo tempo: "Vende-se Maverick V8". E lembro imediatamente do meu pai.

Que saudade.

E ainda hoje, se fecho os olhos com força, consigo ouvir... o ronco do motor do carro dos meus sonhos.

Obrigado, papai.




terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Um monte de letras juntas.

Sempre quis publicar um livro.
Queria ver gravado em algumas folhas de papel em branco, muitas e diversas letras, talvez misturadas com alguns números, e que as pessoas as vissem ir se juntando, grudando e formando palavras.
Nada de palavras complicadas, só as mais simples.
Começaria com uma letra maiúscula em vermelho, acho bonito um texto que começa com a primeira letra numa fonte bem diferente e vistosa. Talvez até iniciasse assim: Era uma vez... Porque tudo que começa assim, sabemos que tem aventura, emoção, dificuldades, mas que termina com gente feliz. Li muitos livros assim.
Não gosto de palavras complicadas que querem dar volume as coisas simples. Palavras pesadas, incompreensíveis. Não dá ânimo ou vontade de ler algo assim. Como um livro técnico, cansa muito, mas tem sua finalidade.
Já li muito romance, mas foi me cansando e tornando-se repetitivo. Mal começava a ler e sabia quem ficaria com quem, e que o vilão, geralmente maldoso o tempo todo, morre rápido ou escapa, some, para voltar no próximo lançamento.
Quando adolescente lia muitos livros de aventura. Ah! Esses são os melhores. Viajo com eles e devoro cada capítulo, cada página. Se for de descobrir segredos então... Deixo até de comer.
Um dia, tentando escolher um livro para comprar, encontrei um livro de poemas. Foi num sebo, no centro da cidade. Nunca li um livro desses, mas mesmo assim abri ao acaso, em uma página qualquer e li:
"Permita que apenas palavras entrem por seus olhos, fique cego ao que te cerca. A maldade, a incompreensão, o descaso, tudo o que te cerca, é ficção, criação de Alguém maior, para que experimente a vida."
Não soube interpretá-las naquele momento, mas senti que meus olhos queriam que meu cérebro ordenasse as minhas mãos, para virar a página. Eles estavam ansiosos para ler o restante. Então comprei o livro.
Assim comecei a viagem mais gostosa que fiz.
Acho que deu certo mesmo, afinal, comecei ajuntar as letras, as palavras e as frases. 
Assim, espero sinceramente, que mais esse livro que apresento, possa trazer a você, aquele momento que vivi e que você talvez ainda procure.
Devo ter acertado em alguma frase que possa mexer com você, como também devo ter cometido alguns deslizes, mas isso não importa. Quero é que se divirta ou quem sabe, até se emocione.
Apenas palavras..., foi escrito para mim e você. Ajudou-me a crescer, torço para que se encontre em algum momento.

Boa leitura.




segunda-feira, 2 de dezembro de 2013