Tião mais eu, eramos uma dupra de dois, da melor qualidade. Dava
gosto de vê, sô.
Quando a gente se reunia com o povo, lá na
chácra do Vitô, perto da chácra de mamãe, era só alegria. Proseávamos e
tomávamos todas até tarde da noite, mas acho que, naquele dia abusamos de
verdade.
Chegamos na chácra já di noitinha, com os
grilo berrando pra valê. Tião que era baum pra xuxu com essas coisas de carne na brasa,
foi logo acendendo a churrasquera, pra mode a gente assa uns troços nela.
Eu, como não podia deixa de ser, abri a cerveja e peguei
logo o violão.
Uma afinadinha aqui, um acerto ali e
começamos a cantoria. Quanto a gente se juntava, não tinha jeito, logo
começávamos a cantar Raul. É ele mesmo, Raul Maluco, doido varrido, Seixas... O
cara.
Cantávamos, Medo da chuva, uma das
prediletas de Tião, Metamorfose Ambulante, Maluco Beleza e muitas outras. Enquanto a gente ia cantarolando as músicass, às vezes um tanto atrapalhadas, as mulher iam servindo a carne saborosa que Tião preparava. Mal acabava uma latinha de cerveja e outra magicamente aparecia
na minha mão. Cada canção era um gole daquele que esvaziava a lata. era bom
demais.
Íamos noite a dentro nessa moda, às
vezes cantávamos uma sertaneja, apesar d'eu não apreciar muito não.
Já timos comido e bebido muito, e as
mulhé com as criançada já tinham se recolhido, quando Tião sentado na mureta
começou a balança. Se não piso no seu pé o homê tinha caído de costa pra trás.
Ele ia tombando quando pisei no seu pé e o homê feio pra frente de novo. Mas
quando fui beliscar mais uma carninha... Pronto... O homê caiu pra trás. Capotô. Larguei o violão, dei a volta na varanda pra socorrê o homê que só dava risada.
Acho que nem percebeu que caiu.
Ajudei o homê a deitar na rede, ali na
varanda mesmo e ele apagou.
Como estava sem sono, resolvi ir até a
lagoa que ficava na frente a chácra. Tava um bocado frio, então eu aresolvi
jogar um pano nas costa e fui até lá. Sentei na bera da lagoa e comecei a
jogar pedrinhas na água, pensando na vida. A lua tava linda, mas como era de madrugada, uma fria
nebrina começa a cair. Então aresorvi vortá.
Já tava dentro da chácra, agora com o pano
cobrindo também minha cabeça por causa do frio, quando vi Tião levanta da rede,
me olhar assustádo e gritá.
- Pera aí Zé Inocenço, já vou ti ajudá.
Acho que tava tão beldo, como se diz por
aqui, que pensou que eu era o cara da novela da TV, acho que Renascer. Com aquele tal Fagunde.
O homê saiu da varanda cambaleando feito
um doido, começou a correr no quintal, vindo pra cime d'eu e "tumb" (isso é o baruio do tombo). Caiu
feio no chão, feito uma jaca madura. Parecia aqueles desenho que as criança vê, levantou o maior pó em
vorta do corpo dele e ali ficou istrimbuchado.
Corri pra mode socorrê Tião e gritei pro
povo da casa. Todo mundo acordô assustado e foram lá fora vê eu mais Tião. Quando
chegaram eu tava do lado de Tião, tentando fazê-lo acordá.
- Acorda Tião. Se tá bem? - Então ele abriu os zóio.
- Oh! Zé Inocenço, ainda bem que te achei. Pensei ter visto um fantasma do cê.
Foi ele fala isso e apagou de vez.
O pessoal me ajudou a levar Tião de vorta pra rede e foram drumi de novo. Eu, fiquei ali, do lado de Tião vigiando, vai que
ele acordasse de novo e resolvesse ir pra lagoa procura esse tar de Inocenço.
Zé Inocenço... Vai vendo.
A gente era simpres assim... E muito feliz.
A gente era simpres assim... E muito feliz.
Sardade daquelas farra, Tião.
Ah! Ainda tem aquela de ocê dançando Maico Jaquisou. Mas outro dia eu conto essa... hehehe
Abraço pro Cê.
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