Não ia escrever sobre isso, acho um tanto... complicado. Mas lá vai...
Não me dou bem com banheiros de outros lugares, fora do meu domínio. Sempre acontece alguma coisa desagradável. Tinha prometido a mim mesmo não tocar no assunto, mas fui desafiado. As pessoas não acreditam que essas coisas acontecem comigo. Cada vez que fecho a porta desses pequenos espaços de quatro paredes, o risco é grande. Não me venham com probabilidades, é Murphy. Se existe uma possibilidade de algo dar errado, pode ter certeza de que estarei ali para vivenciar.
Tem um bar que frequento, onde tomo minhas cervejas com o Maninho. Toda vez que vou ao banheiro, me tornei uma vítima. Sempre que chega minha vez e eu fecho a porta, a luz se apaga. Imagina um cara apertado, tentando acertar o alvo no escuro. Sou salvo, na maioria das vezes, pelo som, quando acerto de primeira. Mas sempre que volto e pergunto aos colegas, quem usou o banheiro antes de mim diz que não teve problemas com a iluminação. Só eu mesmo. E sempre tem um engraçadinho dizendo que fui eu quem molhei o chão.
Alguém já viu vaso de flor dentro de um banheiro? Pois bem, eu tropecei em um e quase o quebrei, fazendo um barulhão. Corriam para bater na porta para ver se eu estava bem. O pior foi sair de lá com os pés sujos de terra preta. Como negar? E onde já se viu ter um vaso dentro de um banheiro?
Ficar trancado dentro de um banheiro já virou rotina. Uma vez, fiz de tudo e não consegui abrir a porta. Tive que berrar até que um funcionário da loja viesse me soltar. Mais um mico para minha coleção.
E aquelas malditas cordinhas de descarga? Já perdi a conta de quantas eu arrebentei. E não é por força exagerada, elas simplesmente me esperam para romper. É impressionante. Até uma dessas caixas de descarga suspensas eu já derrubei.
Ainda bem que só faço o número dois em casa, porque se não... ia dar merda!
Na faculdade, já entrei no banheiro errado, no feminino, duas vezes. Juro que olhei o homenzinho na porta antes de entrar. Ainda bem que nunca havia ninguém lá para me flagrar.
Mas a minha maior proeza aconteceu em uma casa especial. Não vou entregar o lugar, não insistam.
Assim que entrei, já muito apertado, percebi que o trinco não fechava. Pensei: como vou me aliviar com a porta aberta? Alguém poderia entrar. A primeira tentativa foi segurar a porta com um pé. Não deu certo, o vaso estava longe demais. Procurei algo para travá-la. Nada.
A necessidade apertava cada vez mais, e eu não tive escolha. Pensei em fazer rapidinho, de olho na porta. Se alguém tentasse entrar, eu parava e empurrava a porta. Não dava mais tempo. Lá fui eu.
Um olho no vaso, outro na porta.
Foi só começar e… tentaram entrar. Era a vovózinha da casa. Rapidamente, empurrei a porta e disse:
— Tem gente, vó!
— Gente? Sou eu, quero entrar! Tô apertada!
— Eu também, vó! Só um minuto!
Tentei largar a porta para terminar o serviço e ela empurrou, tentando entrar de novo.
— Vó, espera um pouco, já tô terminando.
— Sai logo, meu filho! Vou fazer nas calças!
— Eu já tô fazendo, vó!
— Vai logo, que eu não aguento mais, meu filho!
Sem chances. Parei por ali mesmo. A bexiga implorava para ser esvaziada e a vó berrava para entrar. Decidi tentar mais uma vez. E de novo, ela empurrou a porta tentando entrar.
— Só um minuto, vó, já tô terminando.
Tá certo, menti para a velhinha. Nem havia começado, mas estava por um triz. Ela tentou de novo. Não tinha jeito. Eu tinha que sair para deixá-la entrar. Seja o que Deus quiser. Me ajeitei e saí.
Para minha surpresa, não era só a vovó que estava ali do outro lado da porta. Tinha pelo menos três velhinhas. Ferrou.
Sai com a maior velocidade em direção à frente da casa, procurando algum lugar para me aliviar. A rua estava lotada de gente. Que desespero. Mal conseguia andar. Então vi um comércio na esquina da quadra. Com um esforço imenso, me apertando ao máximo, fui na direção do lugar.
Chegando lá, só perguntei pelo banheiro e corri para onde o balconista apontou. Enfim, iria me aliviar.
— Não acredito! A porta está trancada! Balconista, por favor, a chave! Rápido!
Ele demorou séculos para dar a volta no balcão e me entregar a chave. Todo tremendo e nervoso, ele não acertava a fechadura. Ele me socorreu mais uma vez. Entrei e bati a porta.
Cadê o interruptor da lâmpada? Deixa pra lá…
Aaaaaaaaaah… Enfim!
Eu saí mais corado e aliviado daquele bar. Voltei para a casa do colega.
Quando cheguei, todos me procuravam preocupados. Expliquei o que aconteceu e, aí, descobri que havia outro banheiro no mesmo corredor, bem próximo ao que eu tinha usado. O problema é que a vovó só usava aquele.
Ah! Saudades de lá de casa.
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