domingo, 22 de dezembro de 2013

Acha pouco... Então, mais uma.

Obrigado aos amigos, conhecidos e desconhecidos, que curtiram, comentaram e encaminharam e-mail pelo texto: "Não sei quanto a você... Mas eu, acredito". Porém, um crédulo como eu, sempre tem uma pequena história a compartilhar...
Chegava novamente o Natal. 
Aquele ano passara correndo, muito mais que minhas frágeis pernas pudesse acompanhar e novamente lá estava eu, incrédulo, depois de mais um ano difícil. Apesar de ter provas suficientes que não precisava me preocupar, não conseguia e culpava a tudo e a todos por chegar em mais um Natal, em situação difícil, financeiramente.
Hoje, vejo minhas lamúrias de então até com certo humor, mas naqueles dias, cheguei a chorar. Já tinha visto aquele filme e sabia do final, mas relutava que pudesse dar certo novamente. Para mim o que acontecera no passado, estava de lado e fora apenas sorte. Segundo meu superior no trabalho: a sorte ilude e credibiliza aquele que ignora a realidade, mas nem sempre nos favorece. Profundo isso, né?
Bem, lá estava eu novamente me remoendo em como pagar funcionários, contas e passar um fim de ano decente.
Choramingava pelos cantos, sempre escondido da família. Com alguns funcionários mais próximos, até me abri um pouco em busca de sugestões, mas nada consegui.
Arrumei uma boa grana emprestada e foi o suficiente para garantir o pagamento de todos os direitos dos funcionários no final do ano. Mas continuava com as contas nas mãos e sem um centavo para comemorar o Natal com a família. Preciso registrar aqui, a equipe maravilhosa com que trabalhava na época e me desculpar se possível, se naqueles tempos difíceis não pude fazer mais por eles. Obrigado de coração, mas...
Neste ano, trabalharíamos até o dia 24, véspera do Natal, até as 12 horas, para atender alguns clientes especiais. No dia 22, o desânimo já me abatia, mas meu pessoal, continuava firme. Eu, despreparado para administrar na época, achava que era porque o deles já estava garantido. Lamento por mais essa.
Naquela noite de 22 para 23, não dormi. Pensava em muitas desculpas para falar ao proprietário do imóvel, tentando justificar o atraso do aluguel, não achei. Resolvi falar a verdade e pagar o justo pelo atraso, quando conseguisse o dinheiro.
Enquanto meu pessoal, já em ritmo de Natal, preparava-se para sair e atender os clientes, eu chegava na empresa com aquele "bom dia" baixo astral. Na minha mesa, um pequeno bilhete dizia "Ligar para tal pessoa".
Era uma síndica de um condomínio do governo, famoso CDHU. Queria uma visita.
Eu já estivera naquele condomínio umas sete ou oito vezes e nada. Muito enrolado. Queriam um sistema de interfones, mas ninguém decidia nada, então pensei em não ir. Já havia até amassado o papel e jogado no cesto de lixo, quando, não sei porque, lembrei-me daquele já distante Natal que passei.
Peguei-o novamente do lixo e fui para o local.
Na verdade, lá tudo estava como das outras vezes. Uma confusão de moradores e ninguém decidia nada. Já estava fechando minha pasta e dizendo que retornaria no próximo ano, quando a síndica pediu que esperasse e saiu da sala de seu apartamento, onde acontecia a reunião e foi ao seu quarto.
Calmamente, mas frustado pelo tempo perdido, sentei-me novamente em seu sofá, enquanto os demais moradores continuavam a discussão sem fim.
Ela voltou com um saco de mercado na mão e pediu a palavra.
- Sr. Freitas, teremos que deixar isso para o próximo ano, até decidirmos o que fazer. Mas eu e os moradores queremos deixar tudo pago para que, quando decidirmos, o senhor instale rápido, o sistema.
Pago? De novo estava acontecendo... Ela, passou-me o saco se desculpando pelo incômodo e pela bagunça da reunião.
Quando o abri, ali estava todo o valor da compra e instalação do sistema e em notas trocadas. Ela provavelmente arrecadara durante todo aquele tempo, meses que eu achava perdido e sem futuro.
Nem preciso dizer o tamanho do sorriso em meu rosto. Ah! Como Ele consegue me atender, mesmo sendo eu, assim... Tão incrédulo.
Fiz o recibo e sai correndo para empresa. 
Meu pessoal ainda estava na rua, então decidi esperá-los, apesar da ansiedade, para comemorarmos juntos  no final do dia e só então fui pagar meu aluguel. Mandei todos para casa. Encerrava ali o ano de trabalho deles e no dia 24 atendi sozinho aos clientes que nos procuraram. Acho que foi o dia mais feliz do ano. A cada cliente que passei, além de alguns presentes que ganhei, fui parabenizado pelo bom ano de trabalho da minha equipe e até recebi alguns abraços sinceros.
Ah! Meu bom Deus... Obrigado por mais essa oportunidade. Sua paciência e amor não tem limites.
Nunca mais tive um Natal com esses sentimentos negativos e todos os anos comemoro com um bolo, o aniversário mais importante de minha vida. Nada de abusos. Apenas uma comemoração simples, com é claro, os parabéns. Tudo sempre dá certo no final.
Incrível como ele me supre.
Obrigado Abba!*


*Pai.

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