domingo, 12 de agosto de 2012

Andarilho VI - Dia dos Pais


 
Já em Volta Redonda, ainda antes de entrar na cidade decidi, dormir com Dingo no campo, mesmo sabendo não ser muito seguro. 
Sai da estrada e entrei num pasto cercado e me direcionei pra debaixo de uma árvore, não tardaria a escurecer. 
Acendi uma pequena fogueira e preparei o jantar. Não demorou pra termos companhia.
Á cavalo veio em minha um jovem rapaz, dono da propriedade. Aproximou e com uma fisionomia muito séria, desceu do cavalo e me questionou o que fazia ali em sua propriedade.
Pedi desculpas pela invasão e explique minha condição de Quixote e lhe apresentei meu Dingo Pança. Airton abriu um sorriso e pediu pra sentar-se conosco e ainda aprovou nosso jantar. Senti que ali tinha um homem com cara de menino, formado prematuramente.
Enquanto jantávamos, Airton se divertiu com minhas aventuras e contou sua história.
Perderá a mãe no parto e a partir dai distanciou-se do pai, toda aquela terra que nos cercava era dele. E ele, Airton, era o responsável de acompanhar tudo de perto, apenas o pai não conseguia acompanhar mais de perto.
Disse que sentia muito a falta de atenção e carinho de seu pai e o quanto o amava e tinham orgulho, por tudo que conseguira ao longo dos anos. Mas sua voz mostrava o quanto que sentia muito mais do que falava. Lembrei-me da música da banda Legião Urbana, "Pais e filhos", e busquei na mente a imagem de meu pai e meus filhotes. Realmente a gente não percebe que enquanto uns crescem outros envelhecem.
Depois de algum tempo conversando e lembrando casos engraçados vividos entre pais e filhos, Airton se levantou e disse que tinha que ir. Agradeço o humilde jantar, as prosas e disse pra eu tomar cuidado com a fogueira. Estendi-lhe a mão agradecendo a permissão de pernoitar ali e pela companhia. Pra minha surpresa ele me abraçou e aproveitei pra recomendar que logo cedo quando levantasse que abraçasse seu pai e demonstrasse tudo o que falara pra mim naquela noite, afinal seria o Dia dos Pais.
Achou difícil o pai aceitar assim, afinal mal o via, pois ele levantava muito cedo pra cuidar das coisas e lá foi um pequeno grande homem embora.
Bem, restou a mim e ao Dingo Pança dormir. Mas não foi fácil, fiquei pensando em tudo que conversamos e olhando as estrelas. Lá no espaço buscava o Pai maior, agradecendo por colocar no meu caminho pessoas tão boas. Bem, decidi acordar bem cedo e seguir caminho. Apaguei a fogueira e dormi, com Dingo colado aos meus pés.
Parece que assim que fechei os olhos, Dingo latiu alto, me advertindo a aproximação de pessoas, mas o sol já começava a aparecer. Levantei e vi dois cavaleiros chegando me arrumei rapidamente e chamei Dingo pra perto. Era um senhor, o rapaz de ontem que trazia mais um cavalo a mão.
O senhor mais velho desceu do cavalo e veio em minha direção.
- Junte suas coisas e me siga. Tem um café da manhã te esperando em minha casa.
Esticou a mão e disse-me... - Feliz Dia dos Pais.
Não há como não olhar para o céu e sorrir.
Valeu meus filhotes, paz e bem.


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