Já algum tempo os caçadores da região ouviam falar de uma Águia e uma Loba que vivia na floresta, mas ninguém acreditava ou vira afinal águias não viviam no meio da floresta o lugar delas é nos altos picos das montanhas, quanto mais ao lado de uma loba.
Outros diziam que faziam parte de uma maldição antiga, lançada por um bruxo, por ciúmes dos dois amantes para que nunca ficassem juntos.
No entanto lá do alto vem um som agudo denunciando a Loba aonde esconderá sua presa e essa saltando por entre pedras a encurrala, teriam o que comer mais tarde.
Assim viviam Águia e Loba, todos os dias e noites se ajudando, um cuidando do outro, mas quando os que faziam o estampido chegavam, a Águia do alto das árvores avisava a Loba para fugir e ela, os atraia correndo entre os galhos secos caídos e pedras para a Águia voar para o alto da montanha e lá se encontravam novamente.
Ficavam juntos parados observando toda a floresta até o perigo passar e voltavam a descer. Não havia maldição, não havia encanto, eram apenas dois animais distintos, vindos de duas realidades muito diferentes e que sentiam que ficariam por toda a vida juntos.
A Loba sabia que aquela realidade não era dela, que seu caminho era o norte, mas relutava em ir naquela direção e mesmo sabendo da distância natural que tinha entre ela e a Águia, insistia em ficar e a Águia por sua vez, sabia que também não tinha como ficar ali, sua natureza era outra, era os céus, outro mundo, mundo que não conseguiria dar a Loba. Ambos sabiam que um dia chegaria a hora de separarem, assim era o destino já sabido e aguardado pelos dois.
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Seguiram juntos assim por muitos anos, às vezes se estranhando pelos costumes que traziam e em outras felizes como se fossem um, ela saltando no ar tentando pegar a Águia que dava vôos rasantes a provocando e como por brincadeira se deixava alcançar rolando os dois pelas folhas que no outono cobriam o chão.
Por muito tempo permaneceram assim.
No inverno, o frio era cortante na região, mas a Águia não ia embora como todas de sua espécie e se ocultava numa gruta trazendo pequenas frutas para comerem e a Loba todos os dias saia para caçar e trazia mais alimento. Os dois permaneciam assim até que o sol derretia novamente o gelo e a neve deixava de cair.
Com o sol e o verde novamente aparecendo, saiam lado a lado voltando a floresta, comiam juntos e se protegiam, um cuidava do outro e sempre ficavam juntos.
Por muitos anos ficaram juntos e foi assim que um dia foi vistos por alguns caçadores, num longo inverno muito rigoroso que caiu sobre a floresta.
A Loba já velha e cansada, não conseguia sair com aquele frio rigoroso para caçar e a Águia não conseguia voar na forte nevasca, então fugiram e entraram juntos na mesma gruta de outros invernos e foi ai que os caçadores os viram entrar.
Os caçadores também precisavam se esconder do vento gelado que aumentava ao cair da tarde, resolveram arriscar e se esconder também na gruta não resistiriam muito mais tempo ali fora. Entraram lentamente com armas nas mãos, os olhos correndo por todos os lados e nada.... Não havia nada ali dentro. Procuraram pelos cantos e não acharam outra saída. Onde estariam os animais? Todos os viram entrar... Sem sinal da Águia ou da Loba. Ascenderam uma fogueira para se esquentarem, comeram algumas frutas que levavam e deitaram pra descansar e esperar o tempo melhorar... Estavam já dormindo quando escutaram o uivo bem ao longe, mas dentro gruta, levantaram assustados prontos pra um ataque, mas não havia nada... Ouviram também o bater das asas da Águia, mas também não a viram.
Só então compreenderam e creram que aquela lenda que muitos contavam, cada um com a sua versão, realmente era verdade.
Ali naquela gruta, naquela floresta existiu ou ainda existia realmente uma Águia e uma Loba que viveu juntos e que morreram juntos.
A natureza é perfeita... E para o bem querer não existem fronteiras.
Quem tem esperança, que creia.
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