quarta-feira, 2 de maio de 2012

A Águia e a Loba - Parte III

Eles.


Diante um do outro, olhando-se, o tempo parou... Nenhum deles ousava piscar. Os únicos sons presentes naquela cena era o do vento leve, balançando as folhas e duas respirações que seguiam a mesma freqüência no respirar e expirar do ar. 
Ficaram por vários minutos assim, como que congelados.
O momento só foi quebrado quando de repente ouviram um estampido. Recobrando os instintos olharam para a mesma direção e olharam-se novamente, como que se combinassem partiram na direção oposta do estampido, juntos. 
Enquanto saiam daquele local em disparada, lado a lado, voando e correndo, não deixavam de se olhar até que chegaram numa clareira, bem no coração da floresta. Ao mesmo tempo olharam pra trás e viram que estavam sós. O mundo ficará pra trás. Entravam para um mundo só deles.
Nenhum deles entendia o que estava acontecendo, não havia medo, não havia som, não havia nada, apenas os dois. Pararam e ficaram a se olhar, enquanto recuperavam fôlego.
Ele desceu suavemente num galho seco de uma árvore caída, muito próxima ao chão, fechando suas asas brancas e ela sentou-se no chão ainda ofegante, sem tirar seus olhos dele, de frente um para o outro.
Apreciavam-se... Ele admirava seus olhos verdes, os mesmo que vira lá do alto e que o desconcentrou do vôo, desequilibrando-se e chocando-se contra uma parede de ar e ela não tinha como negar, como era linda as suas penas, parecia uma luz revestindo o corpo, foram elas que refletiram no céu chamando sua atenção.
Mas o que estava acontecendo? Porque não fugiam um do outro? Por que não conseguiam sair dali?
Foram mais alguns minutos de silêncio e contemplação, até que ele abriu as asas e saltou para o chão ao lado da Loba que assustada afastou-se, mas não fugiu. Vendo que a Águia nada fez, aproximou lentamente até quase tocá-lo e sentiu seu cheiro.
A Águia também curiosa aproximou ainda mais da Loba até ficarem tão próximo que a respiração de um parecia do outro. Eram muito iguais.
Sem qualquer movimento mais brusco a Loba virou-se e começou a caminhar, parecia querer manter distância.
A Águia abriu suas asas e voou ao seu encalço parando bem a sua frente. Como que sintonizados, movidos pela mesma vontade, voltaram se ao caminho e foram os dois entrando novamente na floresta adentro, lado a lado.
Já não tinham medo, nem do estampido que os fizeram fugir. 
Ambos relutavam contra sua natureza e seus destinos. Sentiam-se vivos, seguros, não havia mais distância entre eles... Não sabiam para onde seguiriam... Seus instintos diziam que estavam bem... 

4 comentários:

  1. Mensagem de uma loba indecisa..para uma águia determinada..
    ** Mesmo voce nao me vendo..estarei te olhando..mesmo nao te tocando..estarei te sentindo..é, por onde vc estiver passando com meus pensamentos estarei te seguindo. No teu corpo está o meu desejo..em tua alma meus sentidos**..e a saga da loba frágil..segue no tempo..ao lado da águia corajosa..

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    Respostas
    1. Uauuuu!
      Esse texto da Paula Michelle é realmente lindo. Obrigado por comentar.

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  2. Muito pertinente esse comentário.Traduz a mensagem subliminar
    sempre presente nos seus textos

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  3. Obrigado.
    As lindas palavras da Paula Michelli, reproduzidas no comentário anterior, apenas mostram o quanto minha busca pela perfeição na escrita será longa.

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