Desculpe o trocadilho, mas foi mais ou menos assim...
Procurava por alguém... Quem? Nem eu sabia. Apenas procurava.
Festas, eventos, encontros, internet, tudo... Eu aparecia até em show sertanejo.
Onde tinha muita gente, lá estava eu também, reparando em tudo quanto é pessoa.
Sabia que tinha alguém destinado a mim. Mas onde ela estava? Quanto tempo ainda teria que procurar?
Sabe quando você olha, instintivamente, pros lados, buscando um olhar, um sorriso que entregasse ser ela... E nada.
Então, eu vivia assim.
Tinha certeza de que ela estava por perto. Podia senti-la.
Acho que fiquei tanto com isso na cabeça que até pra minha vó já olhava estranho.
“Sai, menino!”
Exagero meu? Pode até ser. Mas isso já tava me pirando, me deixando maluco.
Pensava: é essa!
Não era.
Aquela parece bem...
Também não.
Mas que diacho... Não a acho!
E foi então que aconteceu...
De boa, estava eu navegando uns blogs pela net, quando...
Achei!
Primeiro foram os olhos. Somente os olhos.
Como numa foto fake, escondida.
Mexeu comigo.
Meu amigo, que olhos.
No outro dia... juntou-se aos olhos uma boca.
Lábios que pareciam feitos à mão, com um cuidado extremo. Pequenos.
Passou mais um dia e surgiu então um sorriso.
Meu Deus!
Como caiu lindamente aquele sorriso no rosto dela.
Dava gosto de ver.
Essa tortura da construção do mosaico dela seguia, dia após dia, e eu achando que talvez... quem sabe...
Mas cadê a coragem pra chegar junto?
Foi aí que aconteceu e eu fiquei como a palavra do título...
Ela me enviou sua imagem inteira.
Brincadeira?
Estava sentada ao volante de um carro, me olhando, com aquele sorriso... como se fosse especialmente pra mim.
Não consegui piscar. Acho que nem respirar.
Fiquei bestificado. Congelado.
Como era linda. Muito linda.
Olhando fixamente cada detalhe de seu rosto, encantado, me afastei um pouco.
Foi então que vi...
No banco traseiro do carro, três crianças também sorrindo.
Levei um balde de água fria.
Acabou minha alegria.
Nem tudo pode ser perfeito.
Havia entendido tudo.
O porquê da foto.
Ela era casada. E tinha três filhos.
É claro que uma mulher linda como aquela teria um alguém.
E, ainda por cima, com filhos — e, pelo sorriso, era feliz.
Só um bestalhão como eu pra achar que poderia ser ela.
Triste, já com o dedo no delete pra apagá-la da minha vida, foi quando uma faixa amarela na porta do carro me chamou a atenção.
De novo, bestificado, li:
No meio da faixa amarela, em letras grandes e pretas, estava escrito:
"Transporte Escolar."
Comecei a rir às gargalhadas.
Que coisa...
Enfim.
Achei-a.
Texto delicioso!figura de linguagem interessante
ResponderExcluiressa da "Construção do mosaíco dela ".Parabéns!!