domingo, 29 de julho de 2012

Andarilho IV - Dingo


172 km de Jacareí
Ao longe ouvi um latido. 
Era um cão todo cinza, mas que pela distância não tinha certeza e vinha em minha direção correndo e latindo numa incrível velocidade. Preparei-me para o ataque.
Já havia caminhado, acredito que uns 30 km desde Cruzeiro, estava exausto apesar do caminhar e caronas agradáveis. Fiquei imóvel.
Quando ele se aproximou o suficiente, enquadrando-se no visual de meus óculos, percebi seu rabo balançando, não apresentava perigo, apenas queria brincar. 
O recebi com carinho, ele não era cinza, estava é muito imundo. Ali em plena rodovia sem ninguém a vista para acompanhá-lo. Ele surgiu de um pequeno desvio da Dutra alguns km de Queluz, próximo a balança rodoviária. 
Depois de uns carinhos, mandei-o de volta pra casa, mas que nada, começou a me acompanhar brincando de correr pra todos os lados.
Chegando à balança cumprimentei alguns funcionários, que me recomendaram um banho no meu cachorro, pronto ganhei um cachorro.
Orientado por um colega da balança, e que generosamente deu-me um sabonete, desci até o rio Paraíba pra dar uma boa lavada no cachorro e aproveitar pra me refrescar. Na verdade não sei quem lavou quem. Como estava sem coleira, foi difícil segurá-lo para lavar e até acredito que estava gostando muito daquela farra. 
Não sabia como chamá-lo e como fazer pra que ele voltasse para sua casa, com certeza alguém estaria a sua procura. Talvez, uma criança, já que ele é dócil demais.
Bem, até devolver meu companheiro ou ele sentir saudades de casa e me abandonar resolvi chamá-lo de Dingo, nome do meu primeiro cachorro quando criança. Depois do banho até que se parecia bem com o meu antigo amigo o Dingo verdadeiro, ficou mais bonito, mas acredito que era um cão de rua, sem donos. Estava muito magro e tinha alguns ferimentos.
Comemos os dois ali na beira do córrego, debaixo de uma árvore, realmente Dingo estava faminto devorou o pedaço de pão de torresmo que ganhei de uma carona até Queluz. Com muitos cuidados cuidei de seus machucados.
Levantamos e começamos de novo a caminhada rumo ao encontro da minha Dulcinéia. Acenei aos amigos da balança e segui rumo à divisa com o Rio de Janeiro. 
Agora não estaria mais só. Acabara de encontrar meu Sancho Pança, pra mim Dingo Pança, o escudeiro ideal.
Foi assim que comecei a chamá-lo a partir dali.
Nunca me passou pela cabeça, é o que Dingo Pança faria pra ajudar e livrar-me de situações perigosas.
Voltei pra estrada...
Agora caminhando com um companheiro... Dingo.

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