domingo, 10 de junho de 2012

Feriado V - Despedidas

Observar as pessoas sempre me emociona. Elas têm uma beleza única, carregada de sentimentos que revelam quem realmente são. E, sem dúvida, amizade e amor são os sentimentos que mais expõem a essência de cada um.

Hoje, estou novamente na rodoviária. O último dia do feriado prolongado, o fim da tarde, e o local começa a ganhar vida à medida que as despedidas se tornam inevitáveis. Quem tem que voltar à rotina chega com suas malas, lembranças e saudades. Mas o que mais chama minha atenção são os sorrisos. Mesmo quando a despedida é dolorosa, os rostos carregam serenidade, e muitos estão radiantes.

Perto do portão de embarque, vejo um casal. Eles se abraçam, se beijam, talvez até chorem. Mas, no meio da despedida, os sorrisos escapam. É claro que viveram intensamente esses dias juntos. Pelo brilho nos olhos, parece que o reencontro está marcado, que a despedida é só uma pausa.

Logo atrás, outro casal. Ele segura um chaveiro – talvez as chaves do carro – mas logo guarda no bolso para acariciar os cabelos dela. Um gesto simples, mas carregado de afeto. O sorriso deles é de quem sabe que a distância não enfraquece o que sentem.

Mais ao fundo, chega um trio curioso: uma ruiva, um moreno e um homem com traços de descendência alemã. Três amigos que parecem formar uma unidade única. Dois deles se abraçam com força, e seus olhos denunciam a vontade de permanecer juntos. Não há dúvida: são grandes amigos, e a distância não os separa.

E então, uma senhora surge, com passos animados e energia de sobra. Ela se junta aos três, como se fosse o ponto de equilíbrio do grupo. Com certeza, é a mãe.

Todos se posicionam em frente ao relógio da rodoviária, que parece marcar o momento inevitável da despedida. Os abraços agora são mais demorados, os dedos escorregam das mãos, os lábios se afastam lentamente. O olhar de cada um parece querer durar mais um segundo.

Os que partem, hesitantes, carregam suas malas. A cada passo, olham para trás, e os sorrisos não escondem a certeza de que logo estarão de volta. A força na despedida vem dessa certeza de reencontro, seja no próximo feriado ou em algum momento inesperado que a vida nos reserva.

Os que ficam, por sua vez, também são resilientes. Eles formam uma corrente de abraços e acenos, sem lágrimas, só sorrisos. Talvez porque, assim como os que partem, acreditam que o reencontro está logo ali, na próxima curva da vida.

E eu me pergunto: precisamos ser fortes nas despedidas ou, simplesmente, acreditar que os reencontros estão logo à frente? Acho que as duas coisas. Pensar assim me faz sorrir, mesmo com uma lágrima tímida escorrendo pelo rosto.

É impossível não me emocionar. As pessoas são lindas, e suas reações, mágicas.

Caminho em direção a eles, incapaz de resistir ao impulso:

— Ei, amigos, será que podem me dar uma carona?

Porque, no fundo, talvez a beleza não esteja apenas em observar as pessoas, mas em fazer parte da história delas.

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