Observar as pessoas sempre me emociona.
Elas têm uma beleza única, carregada de sentimentos que revelam quem realmente
são. E, sem dúvida, amizade e amor são os sentimentos que mais expõem a
essência de cada um.
Hoje, estou novamente na rodoviária. O último dia do feriado
prolongado, o fim da tarde, e o local começa a ganhar vida à medida que as
despedidas se tornam inevitáveis. Quem tem que voltar à rotina chega com suas
malas, lembranças e saudades. Mas o que mais chama minha atenção são os
sorrisos. Mesmo quando a despedida é dolorosa, os rostos carregam serenidade, e
muitos estão radiantes.
Perto do portão de embarque, vejo um casal. Eles se abraçam,
se beijam, talvez até chorem. Mas, no meio da despedida, os sorrisos escapam. É
claro que viveram intensamente esses dias juntos. Pelo brilho nos olhos, parece
que o reencontro está marcado, que a despedida é só uma pausa.
Logo atrás, outro casal. Ele segura um chaveiro – talvez as
chaves do carro – mas logo guarda no bolso para acariciar os cabelos dela. Um
gesto simples, mas carregado de afeto. O sorriso deles é de quem sabe que a
distância não enfraquece o que sentem.
Mais ao fundo, chega um trio curioso: uma ruiva, um moreno e
um homem com traços de descendência alemã. Três amigos que parecem formar uma
unidade única. Dois deles se abraçam com força, e seus olhos denunciam a
vontade de permanecer juntos. Não há dúvida: são grandes amigos, e a distância
não os separa.
E então, uma senhora surge, com passos animados e energia de
sobra. Ela se junta aos três, como se fosse o ponto de equilíbrio do grupo. Com
certeza, é a mãe.
Todos se posicionam em frente ao relógio da rodoviária, que
parece marcar o momento inevitável da despedida. Os abraços agora são mais
demorados, os dedos escorregam das mãos, os lábios se afastam lentamente. O
olhar de cada um parece querer durar mais um segundo.
Os que partem, hesitantes, carregam suas malas. A cada
passo, olham para trás, e os sorrisos não escondem a certeza de que logo
estarão de volta. A força na despedida vem dessa certeza de reencontro, seja no
próximo feriado ou em algum momento inesperado que a vida nos reserva.
Os que ficam, por sua vez, também são resilientes. Eles
formam uma corrente de abraços e acenos, sem lágrimas, só sorrisos. Talvez
porque, assim como os que partem, acreditam que o reencontro está logo ali, na
próxima curva da vida.
E eu me pergunto: precisamos ser fortes nas despedidas ou,
simplesmente, acreditar que os reencontros estão logo à frente? Acho que as
duas coisas. Pensar assim me faz sorrir, mesmo com uma lágrima tímida
escorrendo pelo rosto.
É impossível não me emocionar. As pessoas são lindas, e suas
reações, mágicas.
Caminho em direção a eles, incapaz de resistir ao impulso:
— Ei, amigos, será que podem me dar uma carona?
Porque, no fundo, talvez a beleza não esteja apenas em
observar as pessoas, mas em fazer parte da história delas.
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