domingo, 17 de junho de 2012

Quadrilha


Adoro junho.

Adoro junho.

Para mim, é o mês das delícias, dos derivados de milho, vinho quente, quentão, paçoca, fogueira... Tudo de bom, sô!

Quando vi, na porta da geladeira, o convite da escolinha da minha filha, vibrei: vamos à festa!
Mas parece que só eu estava no clima.

A filhota estava relutante em ir. Não queria vestir seu vestido xadrez, colocar o chapéu com tranças (na verdade, eu também não gostei do chapéu... suas trancinhas loirinhas são mais lindas!) — e muito menos dançar quadrilha.

Lá fui eu, com meu doutorado de quatro filhos, tentar usar a psicologia de pai com ela.
Falei do meu tempo, da sua beleza, da alegria da festa, das coleguinhas que dançariam, que tudo seria perfeito e que ela ficaria feliz vivendo tudo isso. Não sei se funcionou, mas lá fomos nós.

Peguei um chapéu de palha logo na entrada do arraiá. A agitação estava a desejar, as músicas não ajudavam. A filhinha ainda de cara fechada — principalmente por causa do meu chapéu.
Segurei em sua mãozinha e a arrastei até a barraca da pescaria. Era hora de se divertir.

Como bom pescador nato, dei todas as dicas pra ela pescar o peixinho que premiava um urso caramelo lindo, com um coração no peito dizendo: "Sou seu". Ah... seria mesmo.

Tentamos umas dez fichas e só ganhamos carrinhos e joguinhos. Até que chegou um moleque sardentinho, com uma carinha de levado, roupas típicas, e nem pediu licença: empoleirou-se na cerca da barraca, pescou um peixinho roxo e levou o nosso ursinho com uma só ficha... Vai vendo.

Sem problemas.

Saímos de lá e a levei com a mãe para a barraca de bolos e doces. Ali nos demos bem — só delícias. Ela até deu uma animada.

Chegou a hora da quadrilha.

Pronto: começaram os problemas. Adivinha quem era o par dela? Isso mesmo, o sardentinho.

Ela já foi a contragosto e, enquanto ele a puxava pela mão, ela caminhava olhando pra trás, balançando a cabeça negativamente. Acho que descobri por que ela não queria vir — e muito menos dançar.

Foi legal. Ela dançava, mas não tirava os olhos de nós. Nem olhava para o parceiro.
Quando acabou a apresentação, fui buscá-la todo animado, com meu chapéu de palha e um milho cozido na mão.

   E aí, filhinha, apreciou o sacolejo? Tava bunita demais, sô! Uma belezura!

— Pai... deixa de ser caipira. Acabou. Vamos embora.

Olhei pra mãe, que deu de ombros, sorrindo. Acho que as crianças não apreciam mais as coisas gostosas do nosso tempo. Ela está crescendo rápido...

Bem, peguei meu chapéu, arreamos nossas coisas e lascamos correndo de vorta pro nosso ranchinho.

   Apertem a fivela que a gente vai simbora, gente!

— Pai... para!

Vai vendo...





2 comentários:

  1. legal..um casal perfeito acompanhando a filhinha na festinha caipira da escola..vale uma foto..cade??

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado por comentar. Você tem razão faltou mesmo, acho que foi de medo de aparecer a carinha sardentinha alguém ao fundo... Rsrs, abraço.

      Excluir

Obrigado por comentar. Seu comentário e opiniões são muito importante para melhorar o blog.Se não quiser deixar... Fazer o que...