Acho que, no fundo, todos nós já quisemos ser algum
tipo de herói. Não necessariamente para salvar o mundo — embora às vezes até
fantasiemos com isso —, mas para impressionar alguém especial: um filho, uma
afilhada, um sobrinho... quem sabe até uma namorada.
Já contei sobre o Hulk Laranja — uma
boa lição que ganhei da minha filha. Crianças nos ensinam muito, e muitas vezes
acabamos vivendo uma espécie de personagem só pra vê-las sorrir. Falo como pai
e tio coruja: apaixonado por cada pequeno gesto, por cada olhar de admiração.
E essa vontade de ser herói nos
acompanha, mesmo quando o tempo parece correr cada vez mais rápido.
Outro dia fui ao cinema com meu filho.
Fomos assistir “O Poderoso Thor”. A sensação era de estarmos de volta à
infância — dois garotos conversando sobre histórias em quadrinhos, vilões,
superpoderes e efeitos especiais. Rimos, discutimos, nos empolgamos. Foi
incrível.
Saindo do cinema, enquanto caminhávamos
em direção à lanchonete, ele me perguntou:
— Pai, qual é o seu herói preferido?
Respondi sem pensar muito:
— Homem-Aranha!
Na hora começou a gozação. Segundo ele,
eu gostava de um herói “de colanzinho vermelho”. Ri e entrei na brincadeira,
mas fui logo defendendo o meu ponto.
Expliquei que o Homem-Aranha sempre me
pareceu mais próximo de nós, humanos comuns. Era só um garoto com poderes
incríveis, mas carregando um senso de responsabilidade gigante, às vezes até
maior que sua compreensão. Tinha problemas reais, conflitos de relacionamento,
dúvidas, medos. Tinha que cuidar da Tia May, lidar com os amigos, com a escola,
com a vida. Sempre dividido entre o Peter Parker e o herói que o mundo
precisava.
Chegamos à lanchonete. Fizemos nosso
pedido, comemos, rimos mais um pouco — e eu, claro, ainda tentando provar que
meu herói era o mais “gente como a gente”.
Na hora de ir embora, já a caminho do
caixa, resolvi devolver a pergunta:
— E você, filhote? Qual é o seu herói?
Ele me abraçou forte, sorriu e
respondeu:
— Muito boa a sua defesa. Meu herói é
igual ao seu...
— O Homem-Aranha?
— Não, pai. Meu herói é você. Mas... a
conta do lanche é tua, hein, herói!
E aí? O que se faz depois de uma
dessas?
Só agradecer. Valeu, guri.
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