quinta-feira, 28 de junho de 2012

Heróis


 

Acho que, no fundo, todos nós já quisemos ser algum tipo de herói. Não necessariamente para salvar o mundo — embora às vezes até fantasiemos com isso —, mas para impressionar alguém especial: um filho, uma afilhada, um sobrinho... quem sabe até uma namorada.

Já contei sobre o Hulk Laranja — uma boa lição que ganhei da minha filha. Crianças nos ensinam muito, e muitas vezes acabamos vivendo uma espécie de personagem só pra vê-las sorrir. Falo como pai e tio coruja: apaixonado por cada pequeno gesto, por cada olhar de admiração.

E essa vontade de ser herói nos acompanha, mesmo quando o tempo parece correr cada vez mais rápido.

Outro dia fui ao cinema com meu filho. Fomos assistir “O Poderoso Thor”. A sensação era de estarmos de volta à infância — dois garotos conversando sobre histórias em quadrinhos, vilões, superpoderes e efeitos especiais. Rimos, discutimos, nos empolgamos. Foi incrível.

Saindo do cinema, enquanto caminhávamos em direção à lanchonete, ele me perguntou:

— Pai, qual é o seu herói preferido?

Respondi sem pensar muito:

— Homem-Aranha!

Na hora começou a gozação. Segundo ele, eu gostava de um herói “de colanzinho vermelho”. Ri e entrei na brincadeira, mas fui logo defendendo o meu ponto.

Expliquei que o Homem-Aranha sempre me pareceu mais próximo de nós, humanos comuns. Era só um garoto com poderes incríveis, mas carregando um senso de responsabilidade gigante, às vezes até maior que sua compreensão. Tinha problemas reais, conflitos de relacionamento, dúvidas, medos. Tinha que cuidar da Tia May, lidar com os amigos, com a escola, com a vida. Sempre dividido entre o Peter Parker e o herói que o mundo precisava.

Chegamos à lanchonete. Fizemos nosso pedido, comemos, rimos mais um pouco — e eu, claro, ainda tentando provar que meu herói era o mais “gente como a gente”.

Na hora de ir embora, já a caminho do caixa, resolvi devolver a pergunta:

— E você, filhote? Qual é o seu herói?

Ele me abraçou forte, sorriu e respondeu:

— Muito boa a sua defesa. Meu herói é igual ao seu...

— O Homem-Aranha?

— Não, pai. Meu herói é você. Mas... a conta do lanche é tua, hein, herói!

E aí? O que se faz depois de uma dessas?

Só agradecer. Valeu, guri.

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